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O Sudão do Sul, que proclamou sua independência em 9 de julho de 2011, viveu seu primeiro ano de existência oficial marcado por um conflito aberto com o Norte e pelo fim da sua produção de petróleo, que provocou uma queda de 98% da sua renda.

Um ano após a sua independência, a euforia foi substituída pela dura realidade. O Sudão do Sul continua a ser um dos países mais pobres do mundo, onde tudo estar por construir.

"Nós não conseguimos atender às expectativas da população durante o ano, devido a dificuldades inesperadas", declarou à AFP o vice-presidente do Sudão do Sul, Riek Machar, referindo-se à disputa de petróleo com o Sudão.

Um ano depois da independência, "o balanço é triste", observa um diplomata ocidental sob condição de anonimato. "Há progresso, mas não rápido o suficiente", especialmente porque o governo de Juba é "desorganizado e ainda está em guerra" com Cartum.

"O que poderíamos esperar em apenas um ano? É um aniversário e nada mais", afirma Alfred Lokuji, decano da Faculdade de Estudos Rurais e Comunitários da Universidade de Juba.

"As instituições realmente não decolaram. Em primeiro lugar o Parlamento (...), a administração não está funcionando como deveria e a corrupção continua a ser um grande problema", admitiu.

George Conway, diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), recorda que "a construção de um Estado nunca é fácil, sobretudo quando se olha para o Sudão do Sul, que acaba de sair da mais longa guerra civil da África e que tem uma base de concorrências fraca como em nenhuma outra parte do continente".

Mas ele acrescenta que "é preciso colocar as coisas em perspectiva. Faz apenas um ano, nós sabemos que o processo será longo e difícil".

O Sudão do Sul conquistou a sua independência à custa de milhões de mortos em quase 50 anos de guerras civis contra o regime de Cartum. Continua com as piores estatísticas em termos de desenvolvimento no mundo.

Analfabetismo recorde

Cerca de 73% da população adulta é analfabeta, a taxa de escolarização no ensino fundamental é de apenas 6%. Uma sul-sudanesa tem estatisticamente mais probabilidade de morrer no parto do que terminar o ensino médio.

O país ainda não tem estradas. Em Juba, a capital, a eletricidade vem, principalmente, a partir de geradores e no hospital faltam profissionais, medicamentos e camas. Muitos pacientes dormem no chão, em salas onde o calor sufocante é somado ao cheiro acre de salitre.

Contudo, o desenvolvimento institucional "foi, provavelmente, um dos mais rápidos do mundo depois de um conflito", logo após a Paz com Cartum, observa George Conway.

Mas os aliados do país temem que este desenvolvimento seja reduzido a nada pelo retorno da tensão com Cartum, marcada pela suspensão, desde janeiro por Juba, da produção de petróleo e em março-abril pelos combates sem precedentes desde a separação.

"O impacto (da suspensão da produção de petróleo) será sentida por gerações" e poderia interromper o progresso registrado quanto à escolarização e diminuição da mortalidade infantil, de acordo com Conway.

Em março, os relatórios confidenciais do Banco Mundial alertaram sobre o futuro da economia sul-sudanesa, prevendo um colapso em curto e médio prazo se a produção de petróleo não for reiniciada.

Devido à disputa com Cartum, proprietário dos oleodutos por onde passa o petróleo do Sul, Juba decidiu fechar a torneira.

As receitas que entravam graças ao petróleo pararam. Desta forma, a libra sul-sudanesa caiu em relação ao dólar ou à outras moedas da região. A inflação atinge a população, principalmente a dos produtos alimentares, na sua maioria importados, o que aumenta os temores de uma crise grave.

O governo tem implementado alguns cortes orçamentários para 2012-2013, uma redução de 40% sobre o ano anterior. O único setor que escapa dos cortes é a Defesa que absorve, segundo Lokuji, 50% do orçamento à custa da educação e de setores hospitalares.

Esta situação, afirma o diplomata ocidental, faz com que "o Sudão do Sul seja um bebê prematuro, que não é viável.

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