Foto de janeiro de 2014 mostra os corpos de pessoas que foram mortas ao se esconderem perto de uma igreja na cidade de Bor, no Sudão do Sul| Foto: ALI NGETHI/AFP

O Sudão do Sul permite que os combatentes “estuprem mulheres como forma de pagamento”, denunciou a ONU nesta sexta-feira (11), descrevendo a situação dos direitos humanos neste país em guerra como “uma das mais espantosas” do mundo.

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No Sudão do Sul se vive “uma das situações mais espantosas do mundo para os direitos humanos, com um uso em massa dos estupros como instrumento de terror e arma de guerra”, declarou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein, ao apresentar um relatório das Nações Unidas sobre a situação no país.

Em seu relatório, a ONU afirma que, “segundo fontes confiáveis, as autoridades permitem que grupos aliados estuprem as mulheres como forma de pagamento”, seguindo o princípio do “façam o que puderem e tomem o que quiserem”.

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“A escala e o tipo de violências sexuais – que geralmente são cometidas pelas forças governamentais do Exército Popular de Libertação do Sudão e por suas milícias afiliadas – são descritos com detalhes terríveis, assim como a atitude – quase casual, mas calculada – daqueles que massacraram civis e destruíram bens e meios de subsistência”, afirma Zeid Ra’ad al Hussein.

O Sudão do Sul, que se tornou independente do Sudão em julho de 2011 após décadas de conflito com Cartum, encontra-se afundado em uma guerra civil desde dezembro de 2013, quando o presidente Salva Kiir acusou seu ex-vice-presidente, Riek Machar, de querer derrubá-lo.

Mais de 2,3 milhões de pessoas precisaram abandonar seus lares e dezenas de milhares morreram devido ao conflito e às atrocidades cometidas por ambos os grupos.

O relatório da ONU contém relatos sobre pessoas, incluindo crianças e deficientes físicos, que foram assassinadas, queimadas vivas, asfixiadas em contêineres, executadas, penduradas ou cortadas em pedaços.

“Diante da amplitude, da profundidade e da gravidade das acusações, da repetição e das similaridades observadas no modo de operação, o informe conclui que existem motivos razoáveis para crer que estas violações podem ser consideradas crimes e guerra e/ou crimes contra a humanidade”, disse o Alto Comissário da ONU.

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Segundo as Nações Unidas, “a grande maioria das vítimas civis não parecem ser o resultado dos combates, mas de ataques deliberados contra civis”.

Para a ONU, “os atores estatais têm a maior responsabilidade pela violência cometida em 2015, diante do enfraquecimento das forças da oposição”.

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