As autoridades do Sudão negaram neste domingo (1º) o anúncio de que a mulher cristã condenada à morte por apostasia - renuncia a uma fé, no caso dela, o islamismo - seria libertada nos próximos dias, alegando que tais declarações atribuídas a uma autoridade foram tiradas de contexto.
Nascida de um pai muçulmano, Meriam Yahia Ibrahim Ishag foi condenada à morte no último dia 15 por um tribunal criminal com base na lei islâmica em vigor no Sudão que proíbe conversões. A decisão provocou um clamor internacional.
A sudanesa, de 27 anos, deu à luz uma menina na terça-feira na prisão.
"Ela será libertada nos próximos dias, de acordo com os procedimentos legais a serem tomadas pelo Poder Judiciário e o Ministério da Justiça", declarou neste sábado um funcionário do Ministério das Relações Exteriores do Sudão, Abdallah Al-Azraq.
Mas o ministério indicou neste domingo que a libertação de Meriam dependia da aceitação por um tribunal do recurso apresentado por seus advogados.
Azraq ressaltou que "o governo não interfere no trabalho da justiça, porque é uma instituição independente". "Alguns meios de comunicação tiram de contexto as declarações, alterando o significado do que ele realmente disse."
Após as declarações de Azraq, o marido de Ishag, Daniel Wani, um cidadão americano de origem sul-sudanesa, disse à agência de notícias France Presse que não acreditava que sua mulher seria libertada.
"Ninguém entrou em contato comigo e eu não acho que isso vai acontecer. Nós apresentamos um recurso de apelação, mas ele ainda não foi analisado. Então, como é possível que a libertem?", perguntou.
O advogado de Ishag, Mohannad Moustapha, tinha expressado, por sua vez, suas dúvidas quanto a uma possível libertação.
"A única entidade que pode fazer isso é o tribunal de recurso e eu não tenho certeza que ele tem o arquivo completo", disse ele neste sábado.