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JULGAMENTO

Suíça começa a julgar hoje brasileira que simulou ataque

Acusada de "induzir a Justiça suíça ao erro" com a alegação de que havia sido agredida por neonazistas, a brasileira Paula Oliveira vai a julgamento hoje em Zurique - dez meses após a polêmica. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a procuradoria não pedirá a prisão de Paula e a brasileira será, no máximo, condenada a pagar uma multa de R$ 10 mil, além de R$ 2 mil dos gastos do processo.

No escritório de seu advogado, a ordem era a de abafar o julgamento, um comportamento bem diferente da publicidade que a família buscou após o falso ataque. Ontem, a assessoria de imprensa do Tribunal de Zurique confirmou que Paula é obrigada a comparecer em seu julgamento. Por causa do interesse da imprensa local, a maior sala da corte foi reservada para o evento.

Em fevereiro, a brasileira chamou a polícia e afirmou que havia sofrido um ataque na periferia de Zurique. Alegando estar grávida de gêmeos, ela dizia ter abortado após ser agredida por neonazistas. Em seu corpo, estavam marcadas com estilete as iniciais "SVP", sigla do ultradireitista Partido do Povo Suíço.

Na época, o caso mobilizou a opinião pública e a diplomacia brasileira. O governo chegou a preparar uma ação na Organização das Nações Unidas (ONU) alegando um ataque xenófobo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou para a "incrível violência contra uma mulher brasileira no exterior". Outros ministros fizeram um paralelo entre o episódio e o Holocausto.

Defesa

Agora, a família da brasileira tenta manter sigilo. Paula admitiu nos dias seguintes ao incidente ter forjado, sozinha, a agressão. Um laudo médico provou que ela não estava grávida. Roger Muller, advogado de Paula, defende a tese de que ela sofre de distúrbios mentais. Assim, ele busca invalidar a primeira confissão à polícia. A brasileira chegou a ser internada em uma clínica psiquiátrica.

O Ministério Público de Zurique admitiu que a versão contada à polícia não seria suficiente para que o caso fosse fechado e ela condenada. Mas a Justiça afirma que o depoimento, dito e assinado pela ré perante a polícia, será utilizado. O passaporte de Paula ainda está retido pela polícia.

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