Dez meses depois do circo diplomático montado pelo governo brasileiro para defender a advogada Paula Oliveira de um suposto ataque neonazista, o Tribunal de Zurique condenou ontem a brasileira por induzir a Justiça ao erro.
A pena prevista inicialmente era de US$ 12,6 mil. No final, a brasileira foi multada em US$ 10,8 mil, além de mais US$ 2,5 mil em gastos com o processo. Cerca de 90% do valor, porém, só será pago se Paula cometer um novo crime na Suíça.
A juíza Nora Lichti-Aschwanden ainda apontou que a condenação deveria servir como "uma lição" e decidiu devolver a Paula seu passaporte para que ela possa retornar ao Recife (PE). Para o Ministério Público suíço, Paula armou a farsa para se desfazer da mentira que havia criado ao namorado: sua suposta gravidez.
Em fevereiro, Paula ligou para a polícia de sua cidade Stettbach, na Suíça, alertando que havia sofrido um ataque de três neonazistas e que as agressões a levaram a abortar. Seu corpo estava talhado com as iniciais do partido de extrema-direita, SVP. Poucos dias depois, Paula confessou à polícia de que tudo não passava de uma farsa e que ela tinha se auto-mutilado. Exames mostraram que ela nunca havia estado grávida.
O caso gerou polêmica, indignação do presidente Lula, e o Itamaraty chegou a chamar o embaixador suíço em Brasília para cobrar uma investigação.
A estratégia da defesa era a de mostrar que a brasileira sofre de distúrbios mentais para que a pena fosse relaxada. Roger Muller, advogado de Paula, tentou explicar que ela sofria de distúrbios de personalidade, gerados pela doença de Lupus.
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