Berna – A investigação sobre a eventual existência de contas do ditador Augusto Pinochet em bancos suíços continuará a ocorrer até segunda ordem, afirmou ontem a Justiça da Suíça. A morte do general Pinochet, ocorrida no domingo, não afetará a continuidade da investigação.

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A porta-voz dos fiscais da Confederação Helvética, Jeanette Balmer, afirmou que a investigação só será interrompida se Santiago retirar seu pedido de informações. A Suíça tem um acordo de cooperação e assistência com o Chile desde outubro com relação a materiais processuais das contas que Pinochet supostamente possuía no país.

As autoridades chilenas, que suspeitam de fraudes em contratos de armamentos no país, solicitaram à Justiça suíça em março de 2005 a abertura de uma investigação após um relatório de uma comissão do Senado americano sobre lavagem de dinheiro sugerir irregularidades.

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O relatório trouxe à tona a existência de contas bancárias suíças atribuídas a Pinochet, que morreu aos 91 anos. As contas conteriam milhões dólares cuja origem não foi explicada. Estima-se que a fortuna de Pinochet passe da casa dos US$27 milhões.

As diversas ações judiciais contra Pinochet dão argumento para a oposição no Chile. No domingo à noite, dezenas foram reprimidos durante um protesto contra o ditador em frente ao Palácio La Moneda.

O juiz de instrução espanhol Baltasar Garzón, responsável pela detenção de Augusto Pinochet em Londres, em 1998, também declarou ontem que a ação judicial contra o ditador chileno falecido ontem deveria prosseguir.

Os processos em curso, especialmente na Espanha e no Chile, devem continuar porque é preciso obter a "reparação" para as vítimas "não só de Pinochet, como de outras pessoas militares ou não-militares envolvidas", acrescentou.

Pinochet foi detido em Londres, em outubro de 1998, a pedido de Garzón, que o acusou de crimes de genocídio, terrorismo e torturas, com base em denúncias de familiares de espanhóis desaparecidos no Chile durante sua ditadura.

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O governo britânico, alegando razões de saúde, recusou-se a extraditá-lo para a Espanha e Pinochet voltou ao Chile em março de 2000.

O juiz Garzón jamais abandonou as investigações sobre o ditador e obteve, em outubro, da Justiça chilena a autorização para interrogar Pinochet e sua esposa pelo caso dos fundos secretos que o general possuía fora de seu país.