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Preconceito

Sul-africana denuncia racismo

Crianças em escola sul-africana convivem com questões delicadas de idioma e de educação | Alexander Joe/AFP
Crianças em escola sul-africana convivem com questões delicadas de idioma e de educação (Foto: Alexander Joe/AFP)

Johannesburgo - Uma adolescente de 16 anos que acredita ter sido expulsa da sala de aula por ter falado alguma coisa em sua língua materna levou o governo da África do Sul a investigar um caso que expõe quão voláteis permanecem as questões do idioma e da educação no país.

Representantes da escola insistem em tratar a questão como um problema de disciplina, e não de racismo. Mas o caso chama a atenção uma geração depois de centenas de pessoas terem sido mortas quando estudantes se revoltaram por serem obrigados a aprender o africâner, idioma de seus opressores brancos durante o regime do apartheid.

Luthando Nxasana conta que pegou seus livros e foi atrás de um coordenador quando uma professora dirigiu-se a ela ordenando que falasse inglês ou saísse imediatamente da sala de aula. Ela disse aos professores que considerou "muito racista" o fato de ter sido expulsa da sala por falar xhosa.

O xhosa é a língua falada por Nelson Mandela e por mais de 10 milhões de sul-africanos. O xhosa é um dos 11 idiomas oficiais da África do Sul, entre os quais figuram o inglês e o africâner. No entanto, as línguas dos colonizadores do país ainda são predominantes não apenas nas salas de aula, mas quase em toda a parte, o que torna a situação motivo de ressentimento neste país de cerca de 50 milhões de habitantes.

Shawn Scannell, diretor da associação de pais da Escola Secundária Roosevelt, diz que muitos estudantes e professores têm sido injustamente expostos no turbilhão de publicidade que se formou depois que a denúncia de Luthando se espalhou.

"A escola (...) encoraja o respeito por todos os grupos raciais e culturais", disse ele em uma mensagem de correio eletrônico. Segundo ele, a escola abriga estudantes não só da África do Sul, mas também de países como Angola, Namíbia, Nigéria e Zimbábue, além de nações asiáticas.

Na versão de Scannell, Lu­­thando foi punida porque estava falando alto demais e atrapalhava as outras pessoas. Ainda se­­gundo ele, outros alunos que falam xhosa disseram que Luthando estava criticando a aparência da professora e de outras meninas.

Luthando, por sua vez, assegura que estava apenas dando apoio a um colega que estava preocupado com as notas baixas. Ela disse que outros alunos talvez tenham feito piadas sobre a professora e defendeu-se dizendo que seria injusto ser punida pelo mau comportamento de terceiros.

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