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Sul-coreano é eleito presidente da Interpol, frustando ambições russas

Presidente eleito da Interpol, Kim Jong-yang | Divulgação/Interpol
Presidente eleito da Interpol, Kim Jong-yang (Foto: Divulgação/Interpol)

A campanha dos Estados Unidos para não colocar um russo à frente da Interpol deu certo. Os países-membros da organização internacional de polícia criminal elegeram, nesta quarta-feira (21) durante seu congresso anual em Dubai, o sul-coreano Kim Jong-yang como presidente da Interpol, cargo que ocupará até 2020, completando os dois anos restantes do mandato assumido em 2016 pelo seu antecessor, o chinês Meng Hongwei, que desapareceu em uma viagem à sua terra natal – e mais tarde descobriu-se que ele havia sido preso pelo governo chinês por deslealdade política e corrupção.

Até um dia antes da eleição, o russo Alexander Prokopchuk, general da polícia no Ministério do Interior da Rússia e vice-presidente da Interpol, era o nome mais cotado para assumir o cargo máximo da instituição. Sua candidatura foi revelada apenas recentemente, presumivelmente, até que o Kremlin estivesse confiante em conseguir votos suficientes - e tudo indicava que os russos conseguiriam.

Mas houve um forte lobby dos Estados Unidos, do Reino Unido e da União Europeia para reverter esse cenário. Seus representantes alegaram que um russo na presidência da Interpol significaria mais abusos dos dispositivos da organização por parte do Kremlin, como os alertas vermelhos contra inimigos políticos do presidente Vladimir Putin.

Na segunda-feira, um grupo bipartidário de senadores americanos divulgou uma carta alertando que a eleição de Prokopchuk seria o equivalente a “colocar uma raposa no comando de um galinheiro”. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, endossou a candidatura de Kim, que atua como presidente em exercício da Interpol.

“Encorajamos todas as nações e organizações que fazem parte da Interpol e que respeitem o estado de direito a escolher um líder de credibilidade e integridade que reflita um dos órgãos mais importantes para a aplicação da lei. Acreditamos que o Sr. Kim será justamente isso”, disse Pompeo na terça-feira, em Washington.

Moscou contra-atacou, denunciando uma “interferência” nas eleições.

“Isso é uma interferência no processo eleitoral, na eleição para uma organização internacional”, disse o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, comentando a declaração dos senadores americanos. “Do que mais você pode chamar isso? Este é um exemplo vívido”.

O argumento foi provocativo – já que a Rússia é suspeita de ter interferido nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016 –, mas não surtiu efeitos. Segundo o jornal britânico The Guardian, Kim, que tem 57 anos, foi eleito por 94 países entre os 180 que estavam presentes no congresso. A Interpol possui 194 países-membros. 

O papel do presidente é comandar as sessões da Assembleia Geral e do Comitê Executivo. O funcionamento diário da Interpol fica a cargo do secretário-geral, posto ocupado atualmente pelo alemão Jürgen Stock.

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