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Lotado com as vítimas dos bombardeios israelenses, um hospital da cidade de Tiro, no sul do Líbano, começou na sexta-feira a enterrar seus mortos em uma vala comum.

Autoridades do hospital público de 60 leitos disseram que 72 corpos ficariam enterrados temporariamente na área de um alojamento militar até que pudessem ser devolvidos a seus parentes.

As autoridades, que não quiseram ter sua identidade revelada, afirmaram que o hospital precisava abrir espaço em seu necrotério após ter recebido 106 corpos, entre os quais 22 não-identificados. Parentes retiraram 12 dos corpos, disseram. Alguns dos cadáveres vieram de outros hospitais.

- Que Deus destrua Israel - afirmou Kamel Abdallah, de 35 anos, cuja mulher grávida, os cinco filhos e o pai foram mortos em um ataque aéreo israelense contra o vilarejo de Marwaheen, na fronteira com o país vizinho.

- A situação não me permite levá-los embora agora. Então, vou deixá-los aqui - disse, ao ver os corpos de seus familiares serem colocados na vala comum.

Os ataques de Israel danificaram muitas estradas no sul do Líbano, onde os combates entre as forças do Estado judaico e a guerrilha Hezbollah também tornaram difícil e perigosa a locomoção de um lugar para outro.

Samar Ghanem, de 40 anos, cujo cunhado e os cinco filhos também foram mortos em Marwaheen, disse que eles tinham morrido como mártires.

- Nós nos sacrificamos em nome da resistência - afirmou a mulher à Reuters. - Concordamos com o enterro provisório porque não podemos levá-los para o vilarejo. Não temos escolha.

A ofensiva de Israel no Líbano, iniciada depois de o Hezbollah ter capturado dois soldados israelenses e ter matado outros oito no dia 12 de julho, obrigou até 500 mil pessoas a fugirem de suas casas e tem impedido os grupos de ajuda de chegarem aos civis que precisam de socorro.

A Comissão Internacional da Cruz Vermelha enviaria seus primeiros dois caminhões para Tiro na sexta-feira, com 24 toneladas de comida, kits de primeiros socorros e remédios, junto com um médico para avaliar a situação no principal hospital da cidade, afirmou um porta-voz.

- O cerco ao Líbano não está permitindo o envio de ajuda humanitária - disse Hisham Hassan, da Cruz Vermelha. - O sul está isolado"

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