Embora o foco da Superterça tenha recaído sobre o embate entre os democratas Bernie Sanders e Joe Biden, pode-se dizer que o verdadeiro vencedor da data, espécie de “primárias nacionais” das eleições presidenciais dos Estados Unidos, foi Donald Trump.
Os eleitores republicanos também foram às urnas e o atual presidente venceu com facilidade nos 14 estados onde a votação foi realizada. Agora, ele soma 859 delegados e está muito perto de conquistar os 1.276 necessários para ser o candidato do Partido Republicano no pleito presidencial, marcado para novembro.
Que a vitória de Trump na Superterça republicana era certa não há dúvidas, mas o resultado foi muito mais positivo do que se esperava. Vale lembrar que nos EUA o voto não é obrigatório, e mesmo assim os eleitores republicanos compareceram em peso às urnas, o que demonstra o apoio popular ao atual presidente. No Colorado, por exemplo, o comparecimento nas primárias republicanas de 2020 foi maior do que o das três últimas primárias do partido juntas.
Além disso, Trump registrou números de votação surpreendentes. Em Vermont e Minnesota, o total de votos para Trump superou os votos de todos os presidentes em exercício das últimas quatro décadas. Na Califórnia progressista, o presidente somou cerca de 1,4 milhão de votos - a título de comparação, Bernie Sanders, que venceu a primária democrata no estado, teve 400 mil votos a menos. Já no Maine, o total de votos do presidente superou o total de todos os pré-candidatos desde antes do presidente Ronald Reagan, na década de 1980.
Os números demonstram o apoio maciço dos eleitores republicanos ao atual presidente. Enquanto isso, os eleitores democratas estão rachados, e há uma espécie de guerra declarada entre Biden e Sanders.
Os democratas sabem, entretanto, que Trump é uma ameaça. Nas pesquisas de boca de urna realizadas durante a Superterça na Carolina do Norte, onde Biden venceu com folga, dois em cada três simpatizantes do Partido Democrata afirmaram que escolheram o candidato que acreditavam ter maiores chances de derrotar Trump em novembro, e não necessariamente aquele que compactuava com suas convicções. Sinal de que a Superterça para os eleitores democratas foi muito mais sobre Trump do que sobre Biden e Sanders.
Partido democrata
Se entre os simpatizantes do Partido Republicano Trump é praticamente unanimidade, os eleitores do Partido Democrata, após a desistência de Pete Buttigieg, Amy Klobuchar, Michael Bloomberg e, desde esta quinta-feira (5), de Elizabeth Warren, estão divididos entre Joe Biden, vice-presidente da gestão Obama, e Bernie Sanders. Por enquanto, o ex-vice-presidente dos EUA soma 627 delegados contra 551 do senador por Vermont. São necessários 1.991 para conquistar a nomeação.
Biden, que tem o apoio declarado de Buttigieg, Klobuchar e Bloomberg, mira os eleitores democratas mais moderados. Ele também obteve apoio significativo do eleitorado afro-americano nas primárias realizadas até então, muito provavelmente por ter sido vice-presidente do primeiro chefe de Estado negro do país. Já Sanders, que tem identificação maior à esquerda, conta com amplo apoio dos jovens - nos comícios que realizou até agora, grande parte do público ainda não tinha completado 30 anos de idade.
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