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A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Rússia informou nesta sexta-feira (2) que detectou irregularidades nas assinaturas coletadas pelo opositor Boris Nadezhdin , único candidato que se opõe à guerra na Ucrânia, para participar nas eleições presidenciais de março.
“Há erros que causam supresa”, disse Nikolai Bulaev, vice-chefe da CEC, que convidou Nadezhdin a comparecer na sede da comissão na próxima segunda-feira (5).
Bulaev, que também se referiu às assinaturas enviadas pelo candidato do Partido Comunista da Rússia, Sergei Malinkovich, declarou que a CEC ignora "erros na transcrição" dos nomes e sobrenomes dos signatários, mas outra coisa é quando se trata de "almas mortas".
“Quando vemos dezenas de pessoas que já não estão neste mundo, mas assinaram, surgem dúvidas sobre os padrões éticos que regem o trabalho dos coletores de assinaturas. Até certo ponto, o candidato está diretamente envolvido nisso”, afirmou.
O vice-chefe da CEC destacou que a comissão envia milhares de requerimentos ao Ministério do Interior para verificar a autenticidade das assinaturas apresentadas pelos candidatos.
A este respeito, a chefe da CEC, Ela Pamfilova, garantiu que a revisão das assinaturas dos últimos candidatos terminará na segunda-feira e, o mais tardar, na quarta-feira (7) será anunciado “o veredito”. “A Comissão Central Eleitoral atuará estritamente de acordo com a legislação em vigor”, disse.
Em resposta, Nadezhdin postou uma mensagem em seu canal no Telegram na qual insistia novamente que, se não estiver registrado, reserva-se o direito de recorrer à Justiça. “Mesmo tendo que ir a julgamento contra uma estrutura estatal, contra o poder”, disse.
Analistas e opositores acreditam que Nadezhdin tem poucas chances de ser registrado, uma vez que o atual governo teme que ele reúna todos os insatisfeitos não só com a guerra, mas com a guinada autoritária do Kremlin.
Nadezhdin apresentou na quarta-feira (31) à CEC as assinaturas necessárias (105 mil) para registrar sua candidatura às eleições presidenciais de 17 de março, nas quais o atual líder russo, Vladimir Putin, concorrerá à reeleição.
Ele apresentou as assinaturas depois de receber o apoio unânime da oposição na prisão e no exílio à sua promessa de parar a campanha militar russa na Ucrânia, primeiro ponto do seu programa eleitoral.
Nadezhdin descreveu o início da guerra na Ucrânia como um “erro fatal”, embora não tenha se mostrado disposto a devolver a Kiev os territórios anexados pelo Exército russo.
Mesmo garantindo publicamente que não o faria, Putin reformou a Constituição em 2020 para poder concorrer à reeleição, algo que poderá voltar a fazer daqui a seis anos e, desta forma, permanecer no Kremlin até 2036. (Com Agência EFE)