A Suprema Corte das Maldivas, arquipélago do Oceano Índico, planeja ordenar o impeachment do presidente Yameen Abdul Gayoom, disse neste domingo (4) o advogado-geral do país, Mohamed Anil. Durante coletiva de imprensa, Anil disse ter ouvido "rumores" sobre o impeachment e que a medida seria inconstitucional. Ele alertou que a tentativa de retirar o presidente do poder só poderia se dar por meio de votação no Parlamento e que policiais e forças de segurança não obedecerão uma ordem de impeachment vinda de um "grupo ilegítimo de pessoas".
Após a declaração, o ex-presidente exilado do arquipélago, Mohammed Nasheed, afirmou em seu perfil no Twitter que os comentários de Anil e outros oficiais eram uma "tentativa de golpe". "Os serviços de segurança devem apoiar a constituição e servir o povo das Maldivas."
A crise nas Maldivas teve início depois de o Supremo do país ter ordenado, na última quinta-feira (1), a libertação de prisioneiros políticos e a reintegração de 12 legisladores expulsos do Parlamento por declarar lealdade à oposição. Com o retorno dos congressistas, o Partido Progressista, de Yameen, perderá sua maioria no Parlamento de 85 membros. A abertura da casa ocorreria em 5 de fevereiro, mas foi adiada indefinidamente. Para o legislador oposicionista Ahmed Mahloof, o receio do governo de perder a maioria pode ser o motivo do adiamento.
Apesar da ordem do Supremo, sábado (3) a polícia do país prendeu dois dos 12 legisladores, Ilham Ahmed e Abler Mohamed, logo após seu retorno do exterior, sem explicar o motivo.
O congressista Ahmed Mahloof disse que outros parlamentares tentariam se reunir no Parlamento apesar do adiamento das atividades. Eles pretendem submeter moções contra o advogado-geral da União, o procurador-geral, os ministros de Estado e de Defesa. Ontem, militares cercavam o Parlamento a fim de evitar a entrada de congressistas no local.
Desde que assumiu o poder, em 2013, Yameen vem adotando medidas para controlar instituições como o Judiciário e a polícia do país. Ontem, ele disse estar disposto a realizar eleições presidenciais antecipadas vários meses antes do fim do seu mandato, em novembro. Sobre a libertação de presos políticos, afirmou que não esperava a decisão do tribunal e que autoridades do Estado teriam "muito trabalho para ver como implementar isso".
Com informações da Associated Press.