A Suprema Corte de Israel decidiu nesta terça-feira (25) que o Estado deve começar a recrutar estudantes de seminários judeus ultraortodoxos para as Forças Armadas, uma decisão que cria novas tensões políticas para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O governo de coalizão de Netanyahu conta com dois partidos ultraortodoxos que consideram as isenções de alistamento como a chave para manter seus eleitores nos seminários religiosos e fora de um Exército que poderia testar seus costumes conservadores.
Os líderes desses partidos disseram que estavam decepcionados com a decisão, mas não fizeram nenhuma ameaça imediata ao governo.
No entanto, a perspectiva de que os militares, apoiados pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant, comecem a recrutar estudantes de seminários pode aumentar as rachaduras na coalizão cada vez mais frágil de Netanyahu.
A renúncia ao alistamento ultraortodoxo tem se tornado uma questão cada vez mais controversa em Israel, já que as Forças Armadas do país estão sobrecarregadas por uma guerra de várias frentes contra o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano.
"No auge de uma guerra difícil, o ônus da desigualdade é mais do que nunca agudo", disse a decisão unânime do tribunal.
Os israelenses são obrigados por lei a servir nas Forças Armadas a partir dos 18 anos de idade, por três anos para os homens e dois anos para as mulheres. Os membros da minoria árabe de 21% de Israel estão isentos, embora alguns sirvam, e os estudantes de seminários judeus ultraortodoxos também estão isentos há décadas.
A lei que rege a isenção para estudantes de seminário expirou no ano passado, mas o governo continuou a permitir que eles não servissem. A Suprema Corte decidiu que, na ausência de uma nova base legal para a isenção, o Estado deve redigi-las.
Aumentando ainda mais a pressão sobre os partidos ultraortodoxos da coalizão, a decisão também impediu que os seminários recebam subsídios do Estado se os acadêmicos evitarem o serviço sem adiamentos ou isenções.
Com uma nova lei sobre a questão sendo discutida agora no Parlamento, o ministro da Educação, Yoav Kisch, do Partido Likud de Netanyahu, expressou esperança de que se possa chegar a um acordo.
"Não em uma guerra civil, não em uma luta que destruirá a sociedade israelense em meio a uma guerra difícil. É possível fazermos isso juntos", disse Kisch.
O cientista político Gideon Rahat, do Israel Democracy Institute, disse que a decisão havia aumentado a pressão sobre Netanyahu. "Ele tentará ganhar tempo e fará todos os esforços para retirar essa questão da agenda pública", disse Rahat.
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