A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta quinta-feira que os tribunais militares da prisão da Baía de Guantánamo violam a Convenção de Genebra.

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O argumento de que os detidos na guerra ao terror promovida pelos Estados Unidos são "combatentes inimigos" e por isto têm tratamento diferente daquele recebido por criminosos de guerra não convenceu a corte da legalidade das detenções realizadas sem acusação formal, sem acesso a advogados por parte dos detidos e sem prazos de processo legal.

A corte entendeu que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, excedeu seus poderes em tempos de guerra ao criar tribunais militares para os detidos em Guantánamo.

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A decisão está centrada num caso específico: o de que o tribunal militar de Guantánamo não tem poder para julgar o prisioneiro Salim Ahmed Hamdan, porque viola as Convenções de Genebra.

"Concluímos que a comissão militar reunida para julgar (Salim Ahmed) Hamdan não tem poder para proceder porque sua estrutura e procedimentos violam o acordo internacional referente a prisioneiros de guerra, bem como leis militares dos EUA", escreveu o juiz John Paul Stevens para a maioria da corte, na decisão de 5 votos a 3.

Essa parte da decisão foi um golpe pungente para o governo, em um caso levado adiante por Hamdan, que foi motorista de Osama bin Laden no Afeganistão.

Na Casa Branca, o porta-voz Tony Snow disse: "Não comentaremos até que tenhamos lido a decisão".

A decisão representa uma importante derrota para a política antiterrorista do governo americano.

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O governo americano terá de levar os detidos a um processo militar comum ou a um julgamento civil federal.

A opinião pública mundial se levantou contra os procedimentos de Guantánamo, de governo aliados, como o da Grã-Bretanha, a ONGs como a Anistia Internacional , a órgãos como as Nações Unidas.

O próprio presidente George W. Bush se viu obrigado a concordar com a deficiência do sistema de acusação e detenção representado por Guantánamo. Em mais de uma ocasião ele disse publicamente que gostaria de ver o centro de detenção, que fica em Cuba, fechado.

O auge da grita internacional se deu quando três detentos - um iemenita e dois sauditas - conseguiram se matar, apesar da vigilância cerrada. E mais de uma vez diversos prisioneiros entraram em greve de fome , como protesto contra as condições de detenção.

Guantánamo começou a receber detidos do Afeganistão em 2002, pouco depois da invasão do país, por parte dos americanos, como resposta aos ataques de 11 de setembro de 2001. A invasão levou à derrubada do regime Talibã. Depois da invasão do Iraque, em 2003, prisioneiros detidos neste país também foram levados para lá.

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Neste ano de 2006, por decisão judicial de um tribunal federal comum, o governo americano teve de divulgar nome, nacionalidade e local de detenção dos prisioneiros.