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O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, dominado pelo chavismo, está estudando um pedido para suspender as primárias opositoras de 22 de outubro, nas quais será escolhido o nome que enfrentará o ditador Nicolás Maduro nas eleições presidenciais de 2024, segundo afirmou nesta segunda-feira (10) o pré-candidato Luis Ratti, que fez essa petição à corte no final de maio.
O político, que durante anos apoiou o chavismo e agora se apresenta como independente, disse aos jornalistas que a análise de seu pedido já foi atribuída à presidente da Câmara Eleitoral do TSJ, Caryslia Rodríguez, razão pela qual espera uma decisão “nas próximas horas ou dias”.
Trata-se, segundo explicou, de uma ação “contra todo o processo de primárias”, por considerar que é “falho” por aceitar a participação de políticos inabilitados pela ditadura chavista para o exercício de cargos públicos, como a ex-deputada María Corina Machado e o ex-governador Henrique Capriles, entre outros.
“Deixou de ser um processo cidadão e acabaram se desenvolvendo como um processo fechado”, alegou Ratti, ao criticar a Comissão Nacional de Primárias (CNP) da oposição, a qual acusa de organizar eleições exclusivas e “apenas para agradar” um “minúsculo grupo” de líderes.
Ratti detalhou que foram entregues nesta segunda-feira ao TSJ “os correspondentes fundamentos e anexos” para sustentar o recurso judicial.
Em relação a Machado, Ratti argumentou que a ex-deputada, que está entre as favoritas segundo diversas pesquisas de opinião, planeja instigar atos violentos por conta de sua inabilitação, que foi imposta pela Controladoria e divulgada no final do mês passado, o que gerou rejeição generalizada na comunidade internacional.
“Melhor apagar qualquer tentativa [de violência] agora, para que [Machado] não faça em 2024 toda a bagunça que está acostumada a fazer”, declarou o pré-candidato, que sugeriu que a oposição deve criar um diálogo amplo para escolher um candidato único, sem necessidade de primárias.
Apesar disso, segundo informações do site Infobae, a CNP ratificou todas as pré-candidaturas da oposição, inclusive as de Machado e Caprilles, para as prévias de outubro. “Não foram recebidas quaisquer objeções contra nenhuma das candidaturas admitidas”, apontou a comissão em comunicado.
A CNP alegou que a inelegibilidade da ex-deputada determinada pela ditadura chavista é uma “sanção inconstitucional e contrária aos padrões internacionais de direitos humanos”.