O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, poderia estar se protegendo da pandemia do novo coronavírus, afirmaram autoridades dos Estados Unidos e da Coreia do Sul nesta semana ao tentar explicar o sumiço do líder norte-coreano, que não aparece em público desde 11 de abril e faltou a uma importante cerimônia para o país no dia 15. Novas imagens de satélite divulgadas nesta terça-feira (28) parecem corroborar a versão de que ele está na costa leste da Coreia do Norte.
O ministro da Unificação da Coreia do Sul, Kim Yeon-chul, disse nesta terça que era razoável presumir que Kim Jong-un decidiu não atender ao evento por precaução. "Temos capacidade de inteligência que nos permite dizer com confiança que não há sinais incomuns [na Coreia do Norte]", disse Kim Yeon-chul em uma audiência parlamentar, que disse ainda que os boatos em torno da morte do ditador são "fake news".
Autoridades dos Estados Unidos disseram à Reuters que acreditavam que Kim havia sido levado em seu trem particular para a cidade turística de Wonsan, na costa leste, para se proteger do vírus. Porém, eles ponderam que a saúde e a localização de Kim são segredos bem guardados e é difícil obter informações confiáveis na Coreia do Norte.
A Coreia do Sul já havia afirmado, no fim de semana, que Kim poderia estar na região de Wosan, desde 13 de abril. Logo depois, o site americano 38 North, especializado em Coreia do Norte, apresentou imagens de satélite que mostravam o que parecia ser o trem especial de Kim parado em uma estação em Wonsan desde pelo menos 21 de abril. A presença do trem, segundo o 38 North, não prova o paradeiro do líder norte-coreano nem indica nada sobre sua saúde, mas dá peso aos relatos de que Kim está em uma área de elite na costa leste do país.
Novas imagens de satélite
Nesta terça-feira (28), outras imagens de satélite, compiladas pelo site de monitoramento NK PRO, mostraram movimentação de barcos de luxo na região de Wonsan, na costa leste do país e onde fica um complexo à beira-mar com praia particular, quadra de basquete e estação de trem privada. Os barcos que se movimentaram geralmente são usados pelo ditador e pessoas próximas a ele, o que pode ser mais um indício de que Kim esteja abrigado lá.
"Uma análise extensa mostra que movimentos semelhantes de barcos de lazer em uma vila exclusiva em Wonsan e em uma ilha próxima à península de Kalma se assemelham às aparições públicas de Kim na área em cada meia dúzia de casos desde o último verão, e muitas outras que datam de 2013", informou.
Porém, alguns analistas sugerem que a movimentação do trem e dos barcos possa ser uma encenação de que Kim estaria de férias quando, na realidade, estaria em isolamento para se proteger do coronavírus. Jiro Ishimaru, que opera uma rede de cidadãos jornalistas na Coreia do Norte, disse ao britânico The Guardian que não acredita que Kim esteja morto, mas que é possível que ele próprio ou pessoas ao seu redor tenham sido infectados pelo novo coronavírus e que agora ele estaria se protegendo.
A Coreia do Norte, que fechou suas fronteiras com a China e colocou milhares de cidadãos em quarentena ainda no início da epidemia, não admite nenhum caso de Covid-19. Na semana passada, o representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Coreia do Norte, Edwin Salvador, disse que 740 norte-coreanos foram testados para a doença, mas que nenhum caso foi confirmado. Na sexta-feira, porém, a agência de notícias Reuters informou que a China enviou uma equipe com especialistas médicos para aconselhar Kim Jong-un.
Nesta quarta-feira, mais uma vez, nenhum meio de comunicação estatal da Coreia do Norte divulgou novas imagens do ditador.
Rumores sobre a morte de Kim começaram a surgir depois que o ditador não compareceu em um dos eventos mais importantes para a Coreia do Norte, a cerimônia que comemora o aniversário do falecido fundador do país e avô de Kim, Kim Il-sung, em 15 de abril.
No início da semana passada, a CNN divulgou uma reportagem afirmando que o ditador havia passado por uma cirurgia cardíaca e que corria risco de vida. Uma fonte do governo americano disse à CNN que os Estados Unidos estão monitorando as informações sobre a saúde de Kim, mas que é difícil avaliar a gravidade do caso.
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