Assunção - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, reuniu-se ontem com o gabinete de segurança para discutir o aparente surgimento de grupos insurgentes no país, após o ataque a um posto militar na noite de ano-novo. A ação é reivindicada pelo Exército do Povo Paraguaio (EPP), obscuro grupo camponês que atua no norte do Paraguai, principal cenário de conflitos entre agricultores sem-terra e grandes proprietários.
"Não permitiremos a existência de zonas liberadas, sem a presença do poder público, afirmou o ministro do Interior, Rafael Filizzola, após a reunião. Segundo o ministro, o presidente está preocupado com o surgimento de grupos armados e se mostra "firme em garantir a segurança da população.
É a segunda ação contra as forças de segurança no norte do país atribuída ao EPP. O grupo assumiu a autoria do incêndio de uma delegacia em Horqueta, no departamento de Concepción, e é suspeito no sequestro de um criador de gado, libertado mediante resgate.
O posto militar de Tucuatí, no empobrecido departamento de San Pedro, onde o Lugo foi bispo por dez anos, foi atacado ontem, a trinta minutos da virada do ano. A segurança tinha sido reduzia e o posto, normalmente patrulhado por três militares, contava com apenas um quando foi invadido, saqueado e incendiado por três mascarados.
Dois fuzis M-16 e munição foram roubados no ataque. O material pode ser usado em invasões de terras.
Comunicado atribuído ao EPP afirma que o governo "não executará a reforma agrária integral prometida ao povo paraguaio e defende que o "povo tome a terra, com "uso intensivo da violência para vencer a resistência de "uns poucos ricaços prepotentes.
Para o chefe de polícia de Concepción, Ricardo Chaparro, trata-se de "simples delinquentes. O grupo "se faz de revolucionário, mas não é uma organização política, segundo Chaparro.
Lugo venceu as eleições em abril com promessas de combate à pobreza e reforma agrária.
