O presidente do Haiti, René Préval, confirmou nesta sexta-feira que um surto de cólera matou pelo menos 140 pessoas na região central do país, na maior crise sanitária desde o terremoto devastador de janeiro.
"Posso confirmar que é cólera", disse Préval à Reuters.
Essa é a primeira epidemia de cólera no Haiti em um século, informou a Organização Mundial de Saúde. As autoridades haitianas do setor de saúde e entidades internacionais estão se empenhando para lidar com a pior crise desde o tremor que devastou o país, o mais pobre do continente.
"Agora estamos nos certificando de que as pessoas estejam plenamente informadas sobre as medidas preventivas que devem adotar para evitar a contaminação", disse Préval na capital, Porto Príncipe, depois de se reunir com autoridades governamentais do setor de saúde.
Os sanitaristas estavam aguardando os resultados finais de exames de laboratório para determinar a causa de um repentino surto de diarreia aguda nas regiões de Artibonite e Central, situadas ao norte da capital, devastada pelo terremoto de janeiro.
O governo haitiano notificou mais de 1,5 mil casos do surto até a noite de quinta-feira.
Os hospitais locais estão superlotados de pacientes com diarreia, e as vítimas morrem por causa de uma rápida desidratação, às vezes em questão de horas, segundo as autoridades.
Equipes médicas que ainda estão no Haiti para a operação de ajuda pós-terremoto foram enviadas à região do surto, ao redor da localidade de Saint-Marc, uma zona agrícola que recebeu muitos sobreviventes do terremoto.
Os trabalhadores do setor de saúde estão se empenhando para impedir a disseminação da doença pelos acampamentos espalhados pela capital, onde 1,5 milhão de pessoas desabrigadas pelo terremoto vivem em barracas lotadas. Cerca de 300 mil pessoas morreram no terremoto.
O cólera é uma doença aguda transmitida por meio de água e alimentos contaminados. Ela causa diarreia aquosa e uma desidratação severa, que pode matar em questão de horas se não for tratada.
O chefe do Departamento de Saúde do governo, Gabriel Thimote, disse que as vítimas são de várias idades, mas jovens e velhos aparentemente são mais afetados.
Segundo Thimote, não há por enquanto relatos de casos de diarreia em Porto Príncipe.
Especialistas dizem que até 80% dos casos de cólera podem ser tratados satisfatoriamente com sais orais de re-hidratação. Água limpa e saneamento básico são cruciais para reduzir o impacto do cólera e de outras doenças transmitidas pela água.
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