A suspeita de mais um caso de escuta telefônica feita pelo tabloide News of the World reaqueceu ontem o escândalo que perdia um pouco de força com as férias de verão no Reino Unido.
Desta vez, a polícia informou à mãe de uma menina que foi morta aos 8 anos por um pedófilo que ela também consta da lista de possíveis vítimas do jornal.
A filha de Sara Paine, chamada Sarah, foi morta em julho de 2000. Na época, o "NoW" iniciou uma campanha para criar uma lei que permitisse aos pais saberem se há algum acusado por molestamento contra crianças morando na vizinhança.
A chamada campanha pela "Lei Sarah" aproximou o jornal da mãe da menina. Sara até escreveu um artigo emocionado na última edição do News of the World fechado por causa do escândalo no início deste mês. No texto, ela conta como o jornal a ajudou em momentos difíceis e como estava triste com seu fim.
O "NoW" chegou a dar um celular para Sara no início da campanha, e é a caixa postal desse telefone que pode ter sido acessada por um detetive a serviço do jornal.
O escândalo dos grampos começou em 2005. Mas, a princípio, a polícia disse que era um caso isolado, de um repórter e um detetive que haviam "grampeado" funcionários da família real.
Depois, apareceram evidências de que era uma prática comum no jornal, mas atingia apenas celebridades.
O caso ganhou força quando foi revelado que a caixa postal de outra menina, de 13 anos, havia sido violada enquanto ela se encontrava desaparecida.
A menina apareceu morta seis meses depois, também vítima de um pedófilo. A indignação popular fez o dono do jornal, o magnata Rupert Murdoch, fechá-lo.
Murdoch foi também obrigado a depor aos parlamentares no inquérito que apura esses e outros crimes atribuídos ao jornal.
Ontem teve início o inquérito judicial que irá analisar a conduta do "NoW", da polícia (que errou na investigação do caso quando ele surgiu), e de toda a mídia do país. A expectativa é que dure pelo menos um ano até chegar a uma conclusão.