Organização vinculada à Al-Qaeda reivindica matança de Toulouse
Um grupo vinculado à rede Al-Qaeda no Magreb Islâmico (Aqmi) reivindicou a matança na cidade francesa de Toulouse, em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (22) na internet, no qual convocou a França a revisar sua política hostil em relação aos muçulmanos
Sarkozy anuncia medidas penais para lutar contra extremismo
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou nesta quinta-feira (22) que deseja instituir medidas penais para reprimir a apologia ao terrorismo ou o apelo ao ódio e à violência na internet, em viagens ou nas prisões
Após 32 horas, o cerco ao homem suspeito de abrir fogo contra uma escola judaica em Toulouse e matar outros três militares em Montauban chegou ao fim. Mohammed Merah, um franco-argelino de 23 anos, morreu nesta quinta-feira (22) após resistir à invasão.
Ele foi alvejado com um tiro na cabeça quando as equipes policiais estavam em posição de "legítima defesa", afirmou o procurador de Paris, François Molinset.
A unidade de elite da polícia (Raid) havia recebido ordens de "fazer todo o possível para deter Mohamed Merah vivo e atirar apenas em caso de legítima defesa", disse o procurador, antes de afirmar que foi "justamente por este motivo que a operação demorou tanto, para perigo da Raid, que teve cinco integrates feridos".
"No momento em que um meio de investigação foi introduzido no banheiro, o assassino saiu do banheiro atirando com extrema violência. As rajadas foram frequentes, muito duras. Um funcionário da Raid (a força de elite da polícia) que está acostumado com intervenções disse que nunca viu uma operação com tanta violência", completou o ministro francês do Interior, Claude Guéant.
Logo pela manhã, três fortes explosões e uma intensa troca de tiros foram ouvidas do prédio em no bairro de Cotê Pavé, em Toulouse, na França. Três policias teriam ficado feridos, um deles estaria em estado grave.
O Ministério do Interior já tinha levantado a hipótese de que o susposto atirador teria morrido durante a noite. Após mais de 10 horas sem contato com Merah, Guéant disse que o extremista poderia ter se matado. "Não houve nenhum movimento nas últimas horas. Apesar dos esforços para restabelecer o contato por voz e rádio, não houve nenhuma resposta dele. Esperamos que ainda esteja vivo", disse o ministro à rádio RTL nesta quinta-feira. "Houve um momento em que foram ouvidos disparos, mas não sabemos a que correspondem."
Guéant disse que Merah prometera entregar-se às 22h4m de quarta-feira, mas mudou de discurso. Ele teria dito que "queria morrer com as armas nas mãos". O jovem sem eletricidade desde o início da noite de quarta-feira.
Durante as negociações para a rendição, o extremista teria confessado que praticou os sete assassinatos para "vingar a morte de crianças palestinas", denunciar a presença do Exército francês no Afeganistão e protestar contra a proibição do uso do véu islâmico integral na França.
"Este homem queria colocar a República de joelhos. Mas a República não cedeu", disse o presidente Nicolas Sarkozy durante a cerimônia de homenagem aos três militares assassinados, em Montauban, carregada de emoção e soprada por fortes ventos.
Nas primeiras seis horas de cerco, Merah disparou diversas vezes contra os policiais. Depois, foi convencido a atirar a arma pela janela em troca de um rádio para se comunicar com os negociadores. Mesmo assim, continuou resistindo a se render, enquanto as autoridades temiam dar a ordem para a invasão por receio de que ele tentasse se matar para evitar a prisão.
"O que nós queremos é capturá-lo vivo para que possamos levá-lo à Justiça, conhecer suas motivações e descobrir quem eram seus cúmplices, se havia algum", explicou o ministro da Defesa, Gerard Longuet.
Atirador queria matar mais três
O procurador François Molins, chefe das investigações, disse que, durante o cerco, além de admitir ser responsável pelas mortes, o jovem afirmou que planejava matar mais um soldado na manhã de quarta-feira além de dois policiais nos próximos dias.
"Ele não mostrou nenhum arrependimento, a não ser o de não ter tempo para fazer mais vítimas", afirmou Molins.
Segundo o ministro do Interior, Claude Guéant, Merah era vigiado "há anos" pelos serviços de inteligência, mas sem algum sinal manifesto de que pudesse passar a um ato de violência extrema. O suspeito foi descrito por autoridades como um jovem delinquente que se radicalizou em um grupo radical islâmico de Toulouse.
Agentes da unidade de elite da polícia francesa entraram nesta quinta-feira (22) no apartamento. "Eles avançam lentamente ante a eventualidade de que existam explosivos no apartamento", afirmou a fonte, que disse ignorar se Merah está vivo. "Não se manifesta", completou.A conclusão está em curso", disse a fonte.
Mais cedo, foram ouvidas três fortes explosões perto do edifício e uma ambulância dos bombeiros entrou no perímetro de segurança criado pela polícia na região.
Assassino dizia pertencer à Al Qaeda
O assassino de três militares franceses, três crianças judias e o pai de duas delas - crimes cometidos em Toulouse e Montauban, duas cidades no sul da França - é um francês de origem argelina que, segundo as autoridades judiciais, tem antecedentes criminais de delitos comuns, condenado pela Justiça de Toulouse.
Definiu-se a si próprio como um "mujahedin" ligado à rede terrorista Al Qaeda, que teria lhe encomendado atentados na França, e lamentou não ter tido tempo para cometer mais crimes.
Os próximos alvos do atirador eram outro militar e dois policiais de Toulouse, segundo os investigadores.
No entanto, a polícia já prendeu várias pessoas supostamente envolvidas nos crimes, entre elas seu irmão Abdelkader - que tinha um carro carregado de explosivos, analisado pelos investigadores no momento - e a mãe de ambos.
Os investigadores, sob a direção do ministro do Interior, Claude Guéant, também analisam a câmera que ele teria levado pendurada no pescoço enquanto cometia pelo menos alguns de seus crimes. Segundo o próprio criminoso, as imagens teriam sido divulgadas pela internet, mas isso ainda não foi confirmado.
As autoridades estão atrás de um automóvel Renault Clio que Merah disse ter alugado e que poderia conter explosivos como os apreendidos de seu irmão, também vinculado a radicais islâmicos.