Salah Abdeslam, único suspeito vivo dos atentados terroristas de 2015 em Paris, foi condenado na Bélgica a 20 anos de detenção. Essa é a pena máxima no sistema belga. Ausente no tribunal, ao qual já havia se recusado a depor, o radical Abdeslam tinha afirmado que entregaria seu destino apenas para Deus, e jamais para seus juízes.
A sentença se refere, porém, a outra acusação: à tentativa de matar policiais em Bruxelas em 2016, em um tiroteio às vésperas de sua prisão. O julgamento pelos ataques a Paris, que deixaram 130 mortos e foram reivindicados pela facção Estado Islâmico, começa em 2020.
Abdeslam foi condenado também por porte de arma, com uma multa de R$ 50 mil. Seu cúmplice no tiroteio de Bruxelas, Sofien Ayari, recebeu as mesmas penas.
Segurança máxima
As autoridades belgas e francesas dizem que Abdeslam, 28, participou dos ataques de novembro de 2015 em Paris, mas conseguiu fugir dali para a Bélgica. Ele trocou de endereço na capital, Bruxelas, de maneira frequente e escapou assim das autoridades.
Ele foi descoberto de maneira acidental durante uma visita de rotina da polícia a um apartamento supostamente vazio. Houve trocas de disparos e Abdeslam escapou pelos telhados, após outro radical ser morto e os policiais ficarem feridos. Foi detido dias depois.
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Na sequência de sua prisão, a célula terrorista à que fazia parte realizou ataques ao aeroporto e ao metrô de Bruxelas, deixando 32 mortos. O ato foi entendido como revide. Mas Abdeslam não foi julgado por essa ação, enfurecendo os familiares das vítimas, que queriam que ele fosse responsabilizado pelo ataque.
Abdeslam está detido atualmente em uma prisão de segurança máxima no norte da França, onde espera o julgamento pelo atentado a Paris, no qual se prevê que ele seja condenado.
De origem marroquina e nacionalidade francesa, nascido em Bruxelas, Abdeslam foi radicalizado a partir de 2014 ao lado de seu irmão, Salim, de acordo com a tese dos investigadores. Eles se uniram a uma rede terrorista ligada ao Estado Islâmico, que àquela época ocupava extensas porções dos territórios da Síria e do Iraque.
A juíza no caso do tiroteio de Bruxelas, Marie France Keutgen, afirmou não haver dúvidas do envolvimento de Abdeslam e de seu cúmplice Ayari com movimentos radicais. "Sua intenção é clara pela natureza das armas que usaram, pelo número de balas que dispararam e pelo tipo de ferimentos causados aos policiais", afirmou.