Um homem foi preso no fim da manhã desta sexta-feira (26) por conexão com os pacotes-bomba enviados nesta semana a democratas e críticos do presidente Donald Trump nos Estados Unidos.
Segundo a BBC, o homem é Cesar Sayoc, tem 56 anos e foi detido em uma loja de autopeças na cidade de Plantation, Flórida. A CNN informa que ele tem histórico criminal, mora em Aventura, na Flórida, e tem contatos em Nova York.
Registros da Flórida mostram que Sayoc tem um longo histórico criminal no estado, incluindo uma prisão em 2002 por uma ameaça de bomba e outras acusações de furto e fraude. De acordo com a emissora CNN, o DNA encontrado nos pacotes ajudou a identificar o suspeito. O Facebook também removeu a conta dele, após retirar posts suspeitos.
Foco nas investigações
Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, tanto o procurador-geral, Jeff Sessions, quanto o diretor do FBI, Christopher Wray, preferiram focar no andamento das investigações e dar menos ênfase na questão do envio dos dispositivos a importantes lideranças do Partido Democrata, de oposição a Trump.
O procurador-geral Jeff Sessions respondeu: "Ele (Sayoc) parece ter tomado um partido, mas isso será determinado pelos fatos à medida que o caso avança. Eu não sou capaz de comentar sobre isso. "
O partidarismo e a questão política surgiram em outra questão, à qual o diretor do FBI, Christopher Wray, respondeu: "Estamos focados não na questão política, mas no trabalho ... É muito cedo neste estágio para discutirmos a motivação em neste caso particular ".
Quando perguntado se "retórica política desagradável" pode inspirar a violência, Wray disse:
Estamos preocupados com as pessoas que cometem atos de violência sob qualquer motivação. Pode haver mais pacotes em circulação por aí.
O suspeito, até o momento, é acusado de cinco crimes: transporte interestadual de um explosivo, envio ilegal de explosivos, ameaças contra ex-presidentes e outras pessoas, ameaça a comunicações interestaduais e ataque a oficiais federais atuais e anteriores. Com isso, ele totalizaria 58 anos de prisão, caso seja condenado.
Ponto de vista de Trump
Trump disse que as supostas bombas são "atos de terrorismo" e elogiou os policiais pela prisão na Flórida. Falando em unificar o país, ele disse que “atos terroristas são desprezíveis e não têm lugar em nosso país", e acrescentou:
"Nunca devemos permitir que a violência política crie raízes na América. Não podemos deixar que isso aconteça. Estou comprometido a fazer tudo o que estiver ao meu alcance para impedi-lo. Pare agora".
Os investigadores acreditavam que alguns dos dispositivos poderiam ter sido enviados do sul da Flórida. Depois que a prisão foi anunciada, agentes do FBI e outras forças de segurança foram vistos guinchando uma van em um estacionamento no sul da Flórida, antes de colocá-la em um caminhão e levá-la embora.
Mais pacotes-bomba
Nesta manhã autoridades americanas encontraram mais dois potenciais dispositivos explosivos. Desta vez eles foram enviados ao senador democrata Cory Booker e ao ex-diretor de inteligência nacional James R. Clapper Jr.
Esses pacotes, recuperados na Flórida e em Nova York, elevam para 14 o número total de dispositivos encontrados pelas autoridades policiais. Nenhum detonou, mas eles deixaram as autoridades americanas em estado de alerta. Dez pessoas seriam as destinatárias destes pacotes suspeitos.
O FBI informou que um pacote "similar em aparência aos outros encontrados nesta semana” foi endereçado a Booker e localizado na Flórida.
O outro, endereçado a Clapper, que é colaborador da CNN, foi encontrado um serviço de triagem de correspondência no centro de Manhattan, a alguns quarteirões da sede da emissora, onde um explosivo foi encontrado no início desta semana.
Esses novos pacotes surgem à medida que as autoridades intensificam a busca pela pessoa (ou pessoas) por trás do envio em série de potenciais explosivos para figuras políticas e críticos do presidente Donald Trump.
Um dos principais indícios é de que alguns dos dispositivos podem ter sido enviados do sul da Flórida, mas as autoridades foram cautelosas e pediram que o público ligue com dicas de qualquer lugar.
"Estamos investigando tudo isso com grande precisão e posso dizer com certeza que vamos identificar e prender uma pessoa ou pessoas responsáveis por esses atos", disse James P. O'Neill, comissário da polícia de Nova York.
Entenda o caso: 6 perguntas e respostas sobre os pacotes-bomba enviados nos EUA
Os pacotes tinham vários sinais que poderiam classificá-los como correspondências suspeitas, incluindo letras maiúsculas e postagem excessivas, destinadas a dificultar o rastreamento, segundo Matthew Doherty, que anteriormente liderou o Centro Nacional de Avaliação de Ameaças do Serviço Secreto dos EUA. E o fato de que nenhum foi detonado fornece aos investigadores evidências consideráveis.
"Há um rico tesouro de informações forenses desde que sejam encontrados intactos", disse Doherty. Isso significa que os investigadores do FBI podem "procurar por padrões como o dispositivo, o aspecto técnica, o método de correspondência, toda uma grande quantidade de evidências ricas que podem ser obtidas".
Susto ou perigo real?
Por enquanto, as autoridades se recusam a dizer se os dispositivos poderiam realmente detonar ou tinham a intenção de assustar as pessoas, mas pedem ao público para que os considerem como uma ameaça.
"Estamos tratando-os como dispositivos ativos", disse O'Neill, pedindo às pessoas que não toquem os pacotes que consideram suspeitos. "Isso é algo que deve ser levado a sério".
William F. Sweeney Jr., diretor-assistente encarregado do escritório de campo do FBI em Nova York, pediu às pessoas que permanecessem atentas, advertindo que mais dispositivos "foram ou poderiam ser enviados pelo correio". Sweeney disse que o pó contido nos envelopes com os dispositivos encontrados em Nova York não representa uma ameaça biológica e que a substância ainda está sendo analisada.
Segundo os policiais, os dispositivos tratam-se de tubos de PVC recheados com o que parecia ser pó de fogos de artifício e vidro. Os fios elétricos que saíam do cano levavam a um temporizador elétrico, de acordo com policiais que falaram sob condição de anonimato. A maioria dos dispositivos parecia ter sido enviada pelo sistema de correio.
O FBI disse que os pacotes encontrados até agora tinham características em comum, incluindo envelopes pardos com interiores embrulhados em plástico. Todos eles também tinham meia dúzia de selos com a bandeira americana, etiquetas de endereço impressas por computador e endereços de retorno com o nome incorreto de Wasserman Schultz, que presidiu o Comitê Nacional Democrata durante parte da campanha presidencial de 2016.
