A vencedora do nobel da paz, Aung San Suu Kyi, ganhou a cadeira no Parlamento de Mianmar pela qual concorreu contra seus rivais, anunciou seu partido, a opositora Liga Nacional pela Democracia, após a votação das eleições legislativas realizadas neste domingo (1º).
Suu Kyi, cujo número era o três nas cédulas, disputou a cadeira do distrito eleitoral de Kawhmu com os candidatos do governista Partido do Desenvolvimento e Solidariedade da União e do Partido para a Unidade e Paz, o médico Soe Min e U Thin Gi, respectivamente.
"Aung San Suu Kyi ganhou", disse à agência Efe Thein Oo, agente eleitoral da LND responsável pela circunscrição de Kawhmu, uma empobrecida zona rural situada ao sudeste de Yangun, a antiga capital.
Conforme os dados divulgados pela formação opositora, "A Dama" alcançou uma arrasadora vitória ao vencer seus rivais políticos em 112 colégios eleitorais do total de 129 disseminados pelas aldeias do distrito de Khawmu.
"Aqui, neste escritório (da LND), o choro é de júbilo", declarou o supervisor eleitoral local da Liga.
Cerca de 6 milhões de birmaneses estavam aptos a votar no pleito que para Mianmar representa o retorno político da oposição liderada pela carismática Suu Kyi, após mais de duas décadas de perseguição sob a extinta Junta Militar.
A Comissão Eleitoral indicou que, embora a votação encerre oficialmente às 16h (6h30 de Brasília), existia a possibilidade de estender o horário nos colégios eleitorais localizados em áreas de difícil acesso.
De acordo com a Comissão Eleitoral, os resultados oficiais serão divulgados em poucos dias, mas neste domingo é possível que se conheça a apuração de algum distrito próximo a Yangun, a antiga capital.
As eleições ocorrem em 45 circunscrições distribuídas pelo território para escolher os 37 novos membros do Parlamento, seis do Senado e outros dois das assembleias regionais, que ocuparão as cadeiras que deixaram vagas os legisladores que aceitaram cargos no Governo.
Em Kawhmu, onde era nítida a excitação dos habitantes à espera do resultado, a afluência de eleitores às urnas foi constante desde o início da votação.
Ao sair dos colégios da localidade de Kawhmu, um alto percentual de eleitores comemorava o simples fato de ter votado em Suu Kyi.
"Minhas três companheiras e eu votamos em Aung San Suu Kyi", disse Ya Win, uma universitária de 22 anos que se deslocou a partir de Yangun no dia anterior para exercer seu direito ao voto.
Suu Kyi, quem sábado à noite pernoitou na aldeia de Wa Tin Kha, onde adotou uma família da tribo karen, cruzou neste domingo em um comboio de veículos uma parte do bairro no qual visitou um dos colégios eleitorais cercada por apoiadores e jornalistas.
Ela visitou ainda o colégio eleitoral de Nusegoeng, no qual residem 4,8 mil pessoas, todas envolvidas com a criação de gado e agricultura.
"Aqui não há dúvida que ganha Aung San Suu Kyi", manifestou a Efe Aung Tin, delegado local da LND enquanto visitava o único colégio eleitoral do povoado.
"Espero que Aung San Suu Kyi consiga ao menos 80% dos votos", assinalou Sai Mauk, um empresário de Yangun recenseado em Kawhmau e que na lapela de sua camisa exibia o símbolo da LND.
A disputa pelas cadeiras do Parlamento e do Senado que representam menos de 7% do total das duas câmaras do Legislativo, é um duelo entre a LND de Suu Kyi, e o Partido do Desenvolvimento e Solidariedade da União, afim aos ex-generais da Junta Militar que manteve cativa a nobel de paz 15 anos nas últimas duas décadas.
O partido de Suu Kyi e o capitaneado pelo presidente birmanês e ex-primeiro-ministro na última etapa de regime militar, Thein Sein, são os únicos que apresentaram candidatos em todas as circunscrições eleitorais, muito disseminadas pelo território e a maioria destas em zonas rurais.
As eleições parciais representaram um êxito para a popularidade de Suu Kyi e da formação opositora que boicotou as eleições gerais de novembro de 2010.
Na época, optou por não participar devido à exigência dos militares de expulsar do partido as pessoas condenadas à prisão por motivos políticos.
A votação aconteceu depois que o chefe das Forças Armadas, general Min Aung Hlaing, rejeitasse na semana passada qualquer tentativa de reforma da Constituição com intuito de reduzir o poder político dos militares, em resposta a Suu Kyi, quem durante sua campanha defendeu por eliminar a cota de cadeiras reservadas aos militares.
A Constituição aprovada durante o regime militar reserva para os chefes e oficiais das Forças Armadas 110 das 440 cadeiras que compõem o Parlamento e 56 dos 224 que constituem o Senado.
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