Soldados tailandeses abriram fogo contra manifestantes contrários ao governo, que revidaram com coquetéis molotov e foguetes caseiros. O conflito ocorreu ontem, no segundo dia seguido de violência no coração de Bangcoc. O Exército tenta retirar os manifestantes das ruas. Os confrontos mataram ao menos 16 pessoas e feriram 125, dentre eles dois soldados, informou o governo. As tropas usaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e balas de verdade contra os manifestantes, que atearam fogo a pneus e a um ônibus da polícia.
Um jornalista canadense que trabalha para a TV France 24 foi atingido por vários tiros, mas seu estado de saúde é estável. Outros dois jornalistas tailandeses foram feridos por balas.
Explosões de bombas e o som de troca de tiros foram ouvidos nos principais cruzamentos do bairro comercial. Emissoras locais de televisão informaram que várias granadas atingiram um shopping center e uma estação elevada de trem. Nuvens de fumaça preta subiam das ruas vazias.
A violência continuou ao longo da noite e deixou sob tensão a cidade de 15 milhões de habitantes. Era possível ouvir tiros e explosões em vários lugares onde manifestantes e policiais entraram em confronto.
Estopim
A nova onda de violência começou após a tentativa de assassinato, ontem, do opositor major general Khattiya Sawasdipol, ferido em meio aos confrontos entre camisas vermelhas e tropas do governo.
O general apresenta inchaço no cérebro e tem poucas chances de sobreviver, disse ontem o médico Chaiwan Charoenchokethawee, diretor do Hospital Vajira.
Com a deterioração da segurança e as expectativas de uma solução pacífica cada vez mais improvável, o país aliado dos Estados Unidos e que é a segunda maior economia do sudeste da Ásia, caminha para a instabilidade por causa da crise política que já dura dois meses. Além de ameaçar a economia, a crise já afeta a indústria do turismo.
Os manifestantes, conhecidos como Camisas Vermelhas, iniciaram sua campanha para depor o governo em março, dizendo que os atuais governantes chegaram ao poder de forma ilegítima e que são indiferentes aos pobres. Desde então, vários episódios de violência resultaram na morte de 37 pessoas e deixaram mais de 1.400 feridos.