Um relatório do governo de Taiwan alertou que as forças militares da China podem "paralisar" as forças de defesa da ilha em um conflito e têm capacidade de monitorar totalmente as suas mobilizações.
O relatório anual do Ministério de Defesa de Taiwan, apresentado ao Parlamento, foi obtido pela Reuters e pela Bloomberg, que noticiaram na quarta-feira que o documento faz uma avaliação grave sobre a crescente ameaça à segurança de Taiwan pela China, que considera a ilha uma parte rebelde de seu território.
No relatório anterior, de um ano atrás, a Defesa de Taiwan afirmava que a China ainda não tinha a capacidade de lançar um ataque total à ilha; agora, o relatório traz uma avaliação mais alarmante.
A China tem a capacidade de neutralizar as defesas aéreas e marítimas de Taiwan e contra-atacar sistemas com "ataques eletrônicos em nível de software e hardware", diz o documento. Esses ataques poderiam bloquear as comunicações em uma série de ilhas desde o sul do Japão, passando por Taiwan até as Filipinas.
O relatório diz ainda que a China pode lançar ataques conectados ou sem fios contra a internet, que inicialmente "paralisariam as nossas capacidades de defesa aérea, comando marítimo e sistema de contra-ataque". Essa foi descrita como uma "enorme ameaça" a Taiwan.
A China também tem a capacidade de paralisar centros de comando militares e operações aéreas e navais de Taiwan, com sua habilidade de lançar mísseis em direção a qualquer ponto da ilha.
No entanto, assim como afirmava o relatório anterior, Pequim não teria ainda a capacidade logística necessária para uma invasão ao território montanhoso da ilha de Taiwan. Mesmo assim, as autoridades recomendaram monitoramento das ações da China para aumentar sua capacidade de operações terrestres complexas, e disseram que Pequim já é capaz de tomar as ilhas ao redor de Taiwan.
Além disso, espiões chineses em Taiwan poderiam usar uma estratégia de remover lideranças para destruir os sistemas político e econômico de Taipei, acrescentou o documento.
O regime comunista da China tem intensificado as atividades militares na região da ilha, e já declarou anteriormente que planeja um dia retomar o território, com o uso da força militar, se necessário.
As forças armadas de Taiwan realizarão exercícios militares anuais no dia 15 de setembro, além de uma simulação de ataque aéreo em grande escala pelo exército chinês, noticiou o jornal South China Morning Post, de Hong Kong.
Taiwan, que se considera República da China, não é reconhecida como Estado pela maior parte da comunidade internacional, embora tenha relações não diplomáticas com União Europeia, Estados Unidos (seu principal aliado militar), entre outros.