Neste sábado (13), Lai Ching-te, do Partido Democrático Progressista (DPP), foi eleito presidente de Taiwan, refletindo a vontade popular por um líder com forte oposição à influência chinesa. Até às 11h20 no horário de Brasília, Lai acumulava 5,5 milhões de votos, ante 4,6 milhões do candidato Hou Yu-ih, do Partido Nacionalista da China (KMT), e 3,6 milhões de Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan (TPP).
Lai Ching-te, de 64 anos, é conhecido como defensor ferrenho da identidade taiwanesa e por sua postura ácida em relação à China, sendo rotulado pelo governo chinês como "encrenqueiro", "divisionista" e "linha-dura", em contraste com suas políticas que buscam uma maior aproximação com os Estados Unidos.
O novo presidente taiwanês, que já ocupou quase todos os principais cargos políticos da ilha, sendo o último como vice-presidente, lidera a coalizão Pan-Verde, que é a favor da independência de Taiwan e contra a unificação da China. Seu partido, por sua vez, está no poder desde 2016.
O discurso de vitória destacou o compromisso inabalável de Taiwan com a democracia, agradecendo ao povo pela expressiva participação nas eleições. Lai ressaltou a resistência bem-sucedida aos esforços externos de influência nas eleições, afirmando que apenas o povo de Taiwan tem o direito de escolher seu próprio presidente.
"Estamos dizendo à comunidade internacional que, entre a democracia e o autoritarismo, estaremos ao lado da democracia", disse Lai ao comemorar a vitória em Taipei, capital de Taiwan, na noite deste sábado em horário local.
Quanto às relações com a China, Lai declarou estar "determinado a proteger Taiwan da contínua ameaça e intimidação da China". Ele expressou o desejo de buscar a paz e a estabilidade na região por meio do diálogo, em contraposição ao confronto.
A vitória de Lai é vista como uma resposta do eleitorado taiwanês à tentativa de Pequim de influenciar as eleições, contrariando a narrativa de que votar em Lai seria votar a favor da guerra, conforme alegado pelo governo chinês.
Disputa pela capital dos chips
A disputa entre Estados Unidos e China por Taiwan passa principalmente pela compra dos chips produzidos em Taipei, que é considerada a "capital dos chips". Esse status tem como origem uma trajetória de desenvolvimento iniciada por engenheiros na década de 1970. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), localizada em Taipei, é a maior fabricante mundial desses componentes.
Ser líder na fabricação desses semicondutores de silício fino desperta o interesse da comunidade internacional, principalmente dos EUA e China, uma vez que os chips são essenciais para a fabricação de uma ampla gama de dispositivos eletrônicos, desde smartphones e computadores até sistemas de controle automotivo e equipamentos médicos.
Na pandemia, por exemplo, as nações sofreram fortes impactos em suas economias, com destaque para altas inflações, devido à escassez de chips ocasionada por atrasos nas cadeias de suprimento global.