Taiwan celebrou nesta quarta-feira (10) o seu Dia Nacional com um desfile militar em que exibiu todo o potencial bélico que pode usar para enfrentar a China, e com discursos dos principais líderes reafirmando o desejo de ter uma identidade separada do regime comunista chinês.
O presidente taiuanês, Chen Shui-bian, disse que a ilha e a China são "dois países soberanos e independentes" e que "nenhum deles exerce jurisdição sobre o outro". Ele ressaltou sua determinação para conseguir "uma representação adequada dos cidadãos taiuaneses na ONU".
"A República Popular da China não tem o direito nem a capacidade de representar os 23 milhões de taiuaneses. Nosso povo tem o direito de exigir uma representação adequada nas Nações Unidas", afirmou.
Segundo o presidente taiuanês, a ilha tem "o direito de solicitar a admissão na ONU como um novo membro sob o nome de Taiwan".
Na ilha especula-se sobre a reação dos Estados Unidos perante a determinação de Chen em convocar um plebiscito sobre a entrada na ONU sob o nome de Taiwan. Em várias ocasiões, o governo americano tentou dissuadi-lo sem sucesso.
O presidente da ilha dedicou grande parte do discurso a responder às objeções dos EUA a seus planos e pediu que a comunidade internacional não fique ao lado da China, por interesses econômicos ou temores do poderio bélico do gigante asiático.
Além disso, fez um apelo para que "não se façam de surdos, quando a China intimida militarmente e oprime diplomaticamente Taiwan".
"A comunidade internacional deve exigir a imediata retirada dos mísseis chineses que apontam para Taiwan", acrescentou o presidente.
Pela primeira vez em 16 anos, Taiwan marcou o Dia Nacional com um desfile militar, no qual mostrou os mísseis supersônicos Hsiung Feng-3 e os Tien Kung-3, capazes de interceptar os temidos mísseis chineses localizados nas proximidades da ilha. De acordo com o analista militar taiuanês Sung Shou-wen, já é possível interceptar todos os mísseis chineses apontados para Taiwan.
"O avanço tecnológico de Taiwan na fabricação de mísseis foi espetacular", disse Sung.
Analistas locais ressaltaram o fato de Chen não ter pronunciado o nome oficial da ilha, "República da China", durante o discurso, o que foi atribuído a uma radicalização de postura perante a China.
A oposição taiuanesa, que critica o crescente distanciamento de Chen do nome oficial do país, não participou das cerimônias oficiais. Preferiu organizar outro ato paralelo, com todos os símbolos ligados à República da China, fundada por Sun Yat-sen em 1º de janeiro de 1912 no território unificado do continente e da ilha.
A divergência interna sobre a identidade nacional foi comentada pela vice-presidente taiuanesa, Annette Lu, que afirmou que a atual República da China em Taiwan "nasceu em 1996 com a primeira eleição presidencial por voto popular direto" e é "diferente" da fundada por Sun na China há 95 anos.
Para o opositor Partido Kuomintang, que controlou o poder na ilha de 1949 até 2000, o Dia Nacional é comemorado por 10 de outubro de 1911, quando o médico Sun Yat-sen, fundador do partido e pai da Pátria, iniciou o processo revolucionário que derrubou a monarquia da dinastia Qing (Manchu).
Na opinião do atual governo taiuanês e de amplos setores que buscam perpetuar a separação da China, a República da China ocupou a ilha de Taiwan à força em 1949 e, embora tenha se legitimado com a democratização, é necessário mudar seu nome para República de Taiwan assim que for possível.
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