O líder fugitivo do grupo fundamentalista Taleban disse que o planejado aumento de tropas dos Estados Unidos no Afeganistão dará aos seguidores do movimento a possibilidade de matarem mais norte-americano do que nunca. O mulá Omar, que acredita-se esteja escondido por chefes tribais conservadores na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão, disse que as batalhas irão "explodir" em todos os lugares. "Os atuais confrontos, que agora se contam às dezenas, irão aumentar para centenas de batalhas. As atuais baixas de vocês, que agora se contam às centenas, serão contadas aos milhares de mortos e feridos", disse o comunicado do mulá Omar.
O comunicado foi escrito em um inglês canhestro e postado ontem em um website que costuma publicar mensagens dos insurgentes afegãos. A violência no Afeganistão entrou em uma espiral nos últimos dois anos, e 2008 foi o mais mortífero ano para as tropas norte-americanas desde a invasão de 2001 que derrubou o Taleban, quando o grupo hospedava o líder da rede terrorista Al-Qaeda, Osama bin Laden.
Atualmente, 60 mil soldados ocidentais estão no Afeganistão, incluídos 32 mil norte-americanos. Embora a quantidade de tropas americanas no Afeganistão seja a maior desde 2001, os comandantes americanos pediram o envio de mais 20 mil soldados para controlar o aumento da violência que engolfou regiões do país. O ex-candidato republicano à presidência dos EUA, John McCain, visitou Cabul no final de semana passado e alertou que a situação "ficará ainda mais dura antes de melhorar."
A crescente violência no Afeganistão parece ser coordenada com o aumento dos ataques dos militantes no vizinho Paquistão e as forças de segurança cada vez mais vêem os dois países como a mesma frente de batalha.
Presidente afegão
A mensagem de Omar, liberada no começo do feriado islâmico do Eid al-Adha, ou a "Festa do Sacrifício", também rejeitou qualquer diálogo com o governo do presidente afegão Hamid Karzai enquanto tropas estrangeiras permanecerem no país. Karzai, durante uma mensagem para o feriado Eid al-Adha, pediu hoje novamente ao Taleban que interrompa a luta contra os EUA e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e se junte ao seu governo.
No mês passado, Karzai ofereceu proteção ao mulá Omar - que é procurado pelo governo dos EUA e está na lista negra da Organização das Nações Unidas (ONU) - se ele aceitar a Constituição do Afeganistão e iniciar conversações de paz.
Omar voltou a responder hoje: "Nunca presuma que na presença das forças de ocupação os seguidores do caminho da resistência islâmica abandonarão sua luta legítima meramente por suas vantagens vazias e apelos ridículos, privilégios materiais e imunidade pessoal". Omar também instou o Taleban a administrar "punições islâmicas" a qualquer um que seqüestre pessoas para obter resgate.
Segundo ele, a proteção da vida das pessoas é um dos maiores objetivos da "jihad", ou guerra santa. Seqüestros de ocidentais cresceram nos últimos meses no Afeganistão, mas nem todos os seqüestros são feitos por militantes do Taleban. No comunicado, Omar também incitou os afegãos que lutaram contra os soviéticos na década de 1980 a abandonarem seus empregos públicos e se juntarem à Jihad para expulsar os americanos e Otan.