No mesmo dia em que o novo chefe da guerra no Afeganistão chegou a Cabul e que militantes talebans atacaram as instalações de uma companhia americana, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, declarou que a aliança pretende começar a devolver o controle do país aos afegãos em novembro.
A transferência do controle das Províncias afegãs às autoridades locais deve ter no início dentro de três meses, declarou Rasmussen.
A Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) lidera uma força internacional de 120 mil homens no Afeganistão, e planeja treinar e gradualmente entregar o controle de certas regiões ao Exército e a forças policiais afegãs.
Otimista, o anúncio de Rasmussen chega num dos piores períodos da guerra no país. Com o aumento da violência, junho foi o mês mais letal para as tropas internacionais desde o início das operações militares na região.
"Ficaremos no Afeganistão o tempo necessário para terminarmos nosso trabalho, mas obviamente isto não pode ser para sempre", disse o secretário-geral da aliança militar durante uma visita a Lisboa, em Portugal, onde a Otan deve realizar uma reunião de cúpula nos dias 19 e 20 de novembro. "Espero que possamos fazer anunciar durante a reunião de cúpula de Lisboa que o processo de transição já poderá começar em algumas Províncias", declarou.
O chefe da aliança que mantém tropas de 46 países no Afeganistão disse ainda que a missão só terminará quando a nação afegã puder se autogovernar.
"Nossão missão terminará quando os afegãos forem capazes de governar e manter a segurança de seu próprio país por eles mesmos. Obviamente o Afeganistão continuará sendo nossa operação mais importante por algum tempo", afirmou Rasmussen.
Atentados
O recém-nomeado comandante das tropas dos Estados Unidos e da Otan, general David Petraeus, chegou ao Afeganistão em meio a ataques dos rebeldes. Militantes do Taleban invadiram e atacaram um prédio de uma empresa americana em Kunduz, matando ao menos dois afegãos e dois estrangeiros.
O ressurgimento da insurreição dirigida pelos talebans levou a recordes anuais de baixas para as tropas estrangeiras, mobilizadas no Afeganistão desde 2001. Junho deste ano foi o mês mais letal dos nove anos de guerra, com cem militares mortos. O recorde anterior, de agosto de 2009, era de 77 mortes.
Petraeus chegou um dia depois que sua nomeação foi confirmada pelo Senado norte-americano e apenas horas depois de a Câmara dos Deputados aprovar US$ 33 bilhões para financiar um aumento de tropas que ele espera irá mudar o rumo da guerra.
Uma emenda exigindo um cronograma para a retirada do Afeganistão não foi aprovada, mas obteve 162 votos a maior votação antiguerra já conseguida na Câmara num projeto sobre o Afeganistão.