Ataque a mesquita
Após atentado, paquistaneses pressionam governo
Folhapress
Os paquistaneses realizaram inflamados protestos ontem pedindo que o governo combata os militantes islâmicos, depois de um atentado contra uma importante mesquita da seita islâmica sufi, na noite de quinta-feira, matando pelo menos 41 pessoas e ferindo 175.
O incidente deve aumentar a pressão para que o governo detenha os militantes, após as vitórias obtidas em ofensivas contra o Taleban no noroeste do país.
A segurança foi reforçada em mesquitas sufis de todo o Paquistão, enquanto o governo, que tem apoio dos EUA, tenta transmitir uma imagem de estabilidade, a despeito da crescente violência dos últimos meses.
Frustrados também com os problemas econômicos e com a crise energética no país, paquistaneses saíram às ruas depois dos atentados para pedir a demissão de membros do governo regional do Punjab.
Cerca de 2 mil pessoas, algumas armadas, protestaram em Lahore, aos gritos de "abaixo Shahbaz Sharif", o ministro-chefe da província.
"Tais ataques têm ocorrido frequentemente no Punjab. Acho que agora ele (Sharif) deveria usar sua mão de ferro, em vez de ameaçar usá-la após cada ataque desses", disse o clérigo Mohammad Naeem a uma tevê local.
Os militantes sunitas do Taleban em geral abominam a vertente do Islã representada pelos sufis, cujas mesquitas são muito frequentadas pelos paquistaneses.
Analistas dizem que os militantes podem estar tentando jogar a população contra o governo, que por sua vez estaria interessado em ajudar os EUA no vizinho Afeganistão, de modo a obter mais influência nesse país, em detrimento da vizinha e rival Índia.
Militantes ligados ao Taleban e à Al-Qaeda têm realizado muitos atentados nos últimos meses no Paquistão, em retaliação pela ofensiva militar em seus redutos do noroeste do país, na fronteira com o Afeganistão.
No mesmo dia em que o novo chefe da guerra no Afeganistão chegou a Cabul e que militantes talebans atacaram as instalações de uma companhia americana, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, declarou que a aliança pretende começar a devolver o controle do país aos afegãos em novembro.
A transferência do controle das Províncias afegãs às autoridades locais deve ter no início dentro de três meses, declarou Rasmussen.
A Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) lidera uma força internacional de 120 mil homens no Afeganistão, e planeja treinar e gradualmente entregar o controle de certas regiões ao Exército e a forças policiais afegãs.
Otimista, o anúncio de Rasmussen chega num dos piores períodos da guerra no país. Com o aumento da violência, junho foi o mês mais letal para as tropas internacionais desde o início das operações militares na região.
"Ficaremos no Afeganistão o tempo necessário para terminarmos nosso trabalho, mas obviamente isto não pode ser para sempre", disse o secretário-geral da aliança militar durante uma visita a Lisboa, em Portugal, onde a Otan deve realizar uma reunião de cúpula nos dias 19 e 20 de novembro. "Espero que possamos fazer anunciar durante a reunião de cúpula de Lisboa que o processo de transição já poderá começar em algumas Províncias", declarou.
O chefe da aliança que mantém tropas de 46 países no Afeganistão disse ainda que a missão só terminará quando a nação afegã puder se autogovernar.
"Nossão missão terminará quando os afegãos forem capazes de governar e manter a segurança de seu próprio país por eles mesmos. Obviamente o Afeganistão continuará sendo nossa operação mais importante por algum tempo", afirmou Rasmussen.
Atentados
O recém-nomeado comandante das tropas dos Estados Unidos e da Otan, general David Petraeus, chegou ao Afeganistão em meio a ataques dos rebeldes. Militantes do Taleban invadiram e atacaram um prédio de uma empresa americana em Kunduz, matando ao menos dois afegãos e dois estrangeiros.
O ressurgimento da insurreição dirigida pelos talebans levou a recordes anuais de baixas para as tropas estrangeiras, mobilizadas no Afeganistão desde 2001. Junho deste ano foi o mês mais letal dos nove anos de guerra, com cem militares mortos. O recorde anterior, de agosto de 2009, era de 77 mortes.
Petraeus chegou um dia depois que sua nomeação foi confirmada pelo Senado norte-americano e apenas horas depois de a Câmara dos Deputados aprovar US$ 33 bilhões para financiar um aumento de tropas que ele espera irá mudar o rumo da guerra.
Uma emenda exigindo um cronograma para a retirada do Afeganistão não foi aprovada, mas obteve 162 votos a maior votação antiguerra já conseguida na Câmara num projeto sobre o Afeganistão.
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