Um prolongado cerco no bairro diplomático de Cabul terminou nesta quarta-feira com a morte de dois homens que enfrentaram as forças afegãs e ocidentais durante 20 horas e atiraram foguetes contra embaixadas, numa dramática demonstração de força dos insurgentes do Taleban.
Os dois sequestradores foram os últimos sobreviventes de um esquadrão com cerca de dez combatentes suicidas que realizaram o mais abrangente e prolongado ataque na capital afegã desde que o Taleban foi derrubado do poder, em 2001.
A batalha perto da embaixada dos EUA e três atentados suicidas em outros pontos da capital serviram como um sombrio aviso sobre os recursos e alcance dos militantes, num momento em que as forças estrangeiras começam a deixar o Afeganistão.
Pelo menos 11 civis foram mortos, dos quais mais de metade eram crianças, segundo o general John R. Allen, comandante das forças da Otan e dos EUA no Afeganistão. Cinco policiais também morreram.
Allen negou que tenha havido erros por parte dos militares, mas admitiu que o incidente -- com várias horas de explosões e tiroteios que assustaram e enfureceram a população de Cabul, além de virarem notícia no mundo todo -- foi uma vitória para o Taliban em termos de propaganda.
"Vou conceder que eles obtiveram uma vitória nas OI (operações de informação)", afirmou o general a jornalistas, usando um jargão militar para questões de relações públicas.
Os insurgentes se entrincheiraram em um edifício em obras e lançaram o ataque na terça-feira à tarde, disparando foguetes na direção das embaixadas dos EUA e de outros países, e também contra a sede da missão da Otan.
O embaixador dos EUA em Cabul, Ryan Crocker, disse que seis ou sete foguetes caíram dentro do terreno da embaixada nas primeiras horas do ataque, mas que, por seu alcance limitado, eles não constituíram uma ameaça grave.
"Eles estavam disparando a partir de pelo menos 800 metros de distância, e com uma granada de propulsão isso é um incômodo, não é um ataque", disse o diplomata a jornalistas.
Três homens-bomba também agiram contra delegacias de polícia em outras partes de Cabul na tarde de terça-feira.
A coalizão comandada pela Otan e as embaixadas dos EUA e da Grã-Bretanha disseram que todos os seus funcionários estão ilesos.
A violência no Afeganistão está no seu pior momento desde que forças locais apoiadas pelos EUA derrubaram o regime islâmico do Taleban, em 2001. Os EUA pretendem retirar 10 mil soldados do país até o final do ano, e outros 23 mil até meados de 2012.
Outros países também estão preparando as suas próprias retiradas, num movimento que causa dúvidas sobre a capacidade das forças locais para garantir a segurança do Afeganistão.