As forças especiais afegãs chegam ao local de ataques em Cabul: Taleban anuncia “ofensiva de primavera”| Foto: Massoud Hossaini/AFP

Paquistão tem 380 presos libertados

No mesmo dia da ofensiva no Afeganistão, militantes do Taleban carregando armas automáticas e granadas conseguiram entrar em uma prisão localizada no noroeste do vizinho Paquistão e libertaram 380 prisioneiros, incluindo pelo menos 20 considerados "muito perigosos". A ação, que contou com mais de cem rebeldes, foi uma demonstração dramática da força dos insurgentes. Os fugitivos podem agora voltar a lutar com os rebeldes, impulsionando o movimento com a propaganda. Milhares de paquistaneses já foram mortos pelo Taleban desde 2007.

Os insurgentes entraram na prisão antes do dia amanhecer, na cidade de Bannu, próxima da fronteira com o Afeganistão, disse o policial Shafique Khan. Eles usaram explosivos e granadas de mão para derrubar os principais portões e dois muros. Depois de entrarem na prisão, os rebeldes se dirigiram para a ala onde os prisioneiros condenados à morte estavam. Eles lutaram com os guardas por duas horas, incendiando parte da prisão antes de libertar os prisioneiros.

Existe a suspeita de que os militantes tenham tido ajuda interna de funcionários da prisão. Eles coordenaram suas ações com aparelhos de rádio.

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Militantes do Taleban lançaram ontem uma "ofensiva da primavera" em Cabul, alvejando embaixadas, o Parlamento e o quartel-general da Otan (a aliança militar ocidental), além de edifícios governamentais. Houve ainda ataques nas províncias de Logar, Paktia e Nangarhar.

Ao menos 2 policiais e 17 insurgentes morreram nos ataques, qualificados pelo comando da Otan no Afeganistão de "ineficazes" e pelo Departamento de Estado americano de "covardes". Ficaram feridos 14 policiais e nove civis.

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A série de ataques – entre os piores na capital desde que o Taleban foi derrubado do poder, em 2001 – demonstra a capacidade dos militantes de alvejar a fortificada zona diplomática, no coração do poder afegão, mesmo após dez anos de guerra.

A ofensiva ocorre ainda em meio às negociações sobre a retirada das forças militares ocidentais do Afeganistão em 2014 e à transferência das tarefas de segurança para as forças nacionais.

É também uma saia justa para o presidente dos EUA, Barack Obama – ele quer apresentar a guerra no Afeganistão como um sucesso para o eleitorado americano, que vota em eleição presidencial em novembro deste ano.

"Esses ataques são o começo da ofensiva de primavera, que planejamos por meses", afirmou o porta-voz do Taleban, Zabihullah Mujahid.

Mujahid disse que as ações eram represália a incidentes envolvendo tropas americanas, como a queima de exemplares do Alcorão em uma base e o massacre de 17 civis por um soldado americano.

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"É também uma mensagem a esses comandantes estrangeiros que dizem que perdemos força. Acabamos de mostrar que podemos fazer um ataque quando quisermos", disse nota do Taleban.

Os ataques múltiplos, aparentemente coordenados, envolveram homens-bomba e militantes com armas como fuzis e granadas-foguete. Mais de oito horas após o primeiro ataque, por volta das 13h15 locais, ainda havia combates na capital.

Foram atacadas as embaixadas da Alemanha, do Reino Unido e da Rússia, o Ministério do Comércio, a residência do embaixador britânico, os arredores da embaixada americana, um hotel e diversas instalações da Otan.

"Quase levei um tiro nas costas, não de um terrorista, mas da polícia, que estava disparando contra tudo. Eles não tinham ideia de em quem estavam atirando", afirmou a parlamentar afegã Wazhman Frogh. "Isso só mostra o quão ridícula é a política de transição", acrescentou ela.

Retirada

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Já o embaixador norte-americano no Afeganistão, Ryan Crocker, disse à imprensa que a habilidade das forças de segurança afegãs em responder à onda de ataques coordenados foi um sinal claro de progresso.

"Nós vimos uma performance muito profissional das forças de segurança", disse Crocker. Os ataques demonstraram ainda, para Crocker, "por que nós precisamos estar aqui". A embaixada dos Estados Unidos foi um dos alvos atacados pelos rebeldes, o que mostra falhas da segurança do país. "Sair antes que os afegãos tenham controle total da segurança, o que pode demorar alguns anos, é um convite para que o Taleban e a Al-Qaeda voltem a se instalar aqui", disse.