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Após retirada americana

Talibãs declaram “completa a independência” do Afeganistão

Anas Haqqani (centro), filho do cofundador do Talibã Jalaluddin Haqqani, e escoltado por combatentes do Talibã ao visitar o aeroporto Hamid Karzai, em Cabul, Afeganistão, 31 de agosto (Foto: EFE/EPA/STRINGER)

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Os talibãs declaram nesta terça-feira, em entrevista coletiva concedida no aeroporto de Cabul, poucas horas depois do fim da operação de retirada dos Estados Unidos, que está "completa a independência" do Afeganistão.

Após 20 anos de guerra, o país asiático conseguiu "alcançar a independência das forças estrangeiras", conforme garantiu o principal porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid.

A declaração do representante dos talibãs aconteceu apenas algumas horas após a partida, do próprio aeroporto de Cabul, do último grupo de militares americanos do território afegão, encerrando presença de tropas que durou as duas décadas de conflito.

Mujahid se dirigiu aos combatentes do grupo, a quem parabenizou pelos sacrifícios que fizeram ao longo deste mês, quando aconteceu a tomada de quase todas as principais cidades do Afeganistão, culminando com, no dia 15, a tomada de Cabul.

"Quero felicitar a todos e à nossa nação por esta independência. Esperamos que o Afeganistão nunca volte a ser ocupado e siga sendo independente, próspero e o lar de todos os afegãos sob um sistema islâmico", afirmou o porta-voz dos talibãs.

A retirada das tropas americanas veio acompanhada por muita comemoração do grupo fundamentalista, com integrantes partindo para as ruas, onde festejaram com disparos ao ar.

"Os invasores devem saber que o Afeganistão não é lugar para eles. Cometeram um erro ao vir aqui, e estamos felizes que já não estejam mais", garantiu Mujahid.

O próximo passo dos líderes talibãs é anunciar um novo governo islâmico, depois de duas semanas de negociações com representantes de diversas etnias e aldeias do país. "Prometemos construir um sistema que representará os valores afegãos e islâmicos", disse o porta-voz, que afirmou que a tomada de poder pelo grupo é um direito.

Mujahid ainda fez um apelo para os membros das forças talibãs, pedindo que sejam "educados e tenham um bom comportamento" com os cidadãos locais, assegurando que, após 20 anos, "a nação tem o direito de uma vida pacífica e de respirar com calma". "Nós devemos ser os serventes da nação, não sua dinastia", disse o representante, se dirigindo aos integrantes do grupo.

O governo dos talibãs terá um futuro incerto com a comunidade internacional, que não demonstrou intenções de reconhecer o regime, enquanto aguarda a comprovação de que os direitos humanos serão respeitados no Afeganistão. Na entrevista coletiva, Mujahid garantiu, por sua vez, que o grupo fundamentalista quer ter "boas relações com os Estados Unidos".

Último militar dos EUA a deixar o Afeganistão

O major-general Chris Donahue, comandante da 82.ª Divisão Aerotransportada do Exército dos Estados Unidos, foi o último militar do país a deixar o Afeganistão, informou o Departamento de Defesa americano.

No Twitter, o Pentágono publicou uma foto de Donahue prestes a embarcar em um avião militar C-17 que decolou do Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, à 0h29 de terça-feira pelo horário local (16h29 de segunda-feira em Brasília), pondo fim à mais longa ocupação militar da história dos EUA.

O último militar americano a deixar o Afeganistão, Major General Chris Donahue, embarca no C-17 da Força Aérea Americana em Cabul, 30 de agosto. Foto: Departamento de Defesa dos EUA (Foto: Departamento de Defesa dos EUA)

Na segunda-feira, o chefe do Comando Central dos EUA (Centcom), general Frank McKenzie, anunciou a conclusão da retirada das tropas do país que atuavam no Afeganistão e o fim da missão de retirada de cidadãos americanos, de países aliados e de afegãos vulneráveis.

Em entrevista coletiva, McKenzie disse que a última aeronave militar dos EUA também transportava o embaixador do país em Cabul, Ross Wilson. Ele também confirmou que desde 14 de agosto, um dia antes de o Talibã tomar o controle do país asiático, mais de 79 mil civis foram evacuados em voos militares americanos no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, incluindo 6 mil cidadãos dos EUA.

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