A economia dos EUA criou 263 mil empregos em abril, registrando um recorde de 103 meses consecutivos de ganhos de emprego e sinalizando que a atual expansão econômica mostra poucos sinais de estagnação.
A taxa de desemprego caiu para 3,6%, disse o Departamento do Trabalho nesta sexta-feira (3), a mais baixa desde 1969. A taxa de desemprego oficial tem sido igual ou inferior a 4% há mais de um ano.
A contratação foi forte na maioria dos setores com ganhos especialmente grandes em serviços empresariais (76 mil empregos criados), construção (33 mil empregos criados) e serviços de saúde (27 mil empregos criados). Economistas estavam observando de perto os empregos do governo, desde que o Censo dos EUA começou a aumentar as contratações para o censo de 2020. O governo federal adicionou 12.500 empregos em abril, o que provavelmente teve algum impulso do Censo.
"Não há como negar que este é um relatório de emprego forte", disse Joel Prakken, economista-chefe dos EUA na Macroeconomic Advisers. "O único número que você pode apontar que parece decepcionante é que o emprego industrial estagnou."
Pleno emprego
Os Estados Unidos têm mais vagas de emprego do que pessoas desempregadas, uma situação que alguns economistas chamam de "pleno emprego", já que a maioria dos candidatos a emprego consegue um emprego. O desemprego entre os hispânicos caiu para 4,2% em abril, uma baixa recorde desde que o Departamento do Trabalho começou a medir esse índice na década de 1970.
"O mercado de trabalho parece bom por qualquer medida", disse Matthew Luzzetti, economista-chefe dos EUA no Deutsche Bank. "Enquanto a taxa de desemprego é a mais baixa desde 1969, uma medida melhor é olhar para a taxa de desemprego que inclui pessoas que trabalham meio período porque não conseguem encontrar um emprego em tempo integral. Isso é baixo, mas a taxa é a menor apenas desde 2000".
A baixa taxa de desemprego está forçando os empregadores a aumentar os salários e se tornar mais agressivos quanto à contratação e o treinamento de trabalhadores. Os ganhos médios por hora aumentaram 3,2% no ano passado, bem acima da inflação, e os trabalhadores com salários mais baixos desfrutaram de alguns dos maiores ganhos, à medida que as empresas se esforçavam para preencher vagas e muitos estados aumentavam seu salário mínimo.
Dificuldade em contratar
Líderes empresariais cada vez mais dizem que seu desafio número um é encontrar pessoas suficientes para preencher vagas de emprego. A McClane Company é uma grande empresa de caminhões e armazéns especializada em transportar alimentos e itens de mercearia em todo o país. Eles estão anunciando vagas de motoristas de caminhão por US$ 70 mil por ano e um bônus de US$ 6 mil em Jessup, no estado da Pensilvânia, mas mesmo nesse nível de pagamento, tem sido difícil atrair um número suficiente de pessoas.
"A economia está boa, mas isso é muito difícil para os empregadores", disse Joe Stagnaro, presidente de operações da McLane na Pensilvânia. "As pessoas que você quer contratar são contratadas por outra pessoa."
Stagnaro decidiu tentar algo novo, além dos muitos anúncios de empregos na Internet, outdoors e anúncios de jornal que a McLane usa para tentar divulgar suas vagas. Ele acabou de fechar um acordo com uma escola de condução de caminhões para treinar pessoas para se tornarem caminhoneiros na McLane, a empresa pagará a conta por todo o treinamento. Ele tem tido muito interesse dos funcionários do armazém da empresa, que estão ansiosos para aprender mais habilidades, obter uma carteira de motorista comercial e fazer a transição para um emprego que pague mais.
Não há uma medida oficial do governo sobre quanto dinheiro as empresas estão investindo na formação de seus próprios trabalhadores, mas como o desemprego continua baixo e os salários sobem, mais e mais gerentes dizem que querem desenvolver talentos internamente, em vez de tentar roubá-los de outras empresas.
Crescimento sem inflação
A Casa Branca aplaudiu a notícia como mais uma prova de que as políticas de estímulo do presidente Donald Trump, de redução de impostos e aumento dos gastos do governo, estão ajudando mais americanos a ganhar com a economia robusta. O vice-presidente Mike Pence e o chefe do Conselho Nacional de Economia, Larry Kudlow, enfatizaram na sexta-feira que a economia está crescendo e os salários estão subindo sem provocar um aumento preocupante na inflação.
"Você pode aumentar a economia sem inflação", disse Kudlow.
O aumento da inflação tipicamente força o Federal Reserve a elevar as taxas de juros, o que pode causar uma queda. Mas com poucos sinais de inflação, o Fed não tem planos de mudar as taxas este ano. Trump disse repetidamente ao Fed para reduzir as taxas, mas os líderes do banco central veem pouca necessidade de baixar as taxas, dada a força que a economia parece ter agora.
Muitos economistas consideram o mercado de trabalho "espetacular" no momento, embora notem que ainda há alguns bolsões problemáticos onde as pessoas têm dificuldades. Os Estados Unidos ainda têm 4,7 milhões de pessoas em empregos de meio período que querem trabalhar em tempo integral e 1,2 milhão de pessoas que estão procurando trabalho há mais de meio ano.
"Em um mercado de trabalho restrito, deveria haver empregos decentes para todos", disse Susan Houseman, economista e vice-presidente do Instituto para Pesquisa de Emprego W.E. Upjohn. "Como país, precisamos pensar em como melhorar nossos programas para que os desempregados crônicos consigam trabalhar novamente".
Houseman exortou os políticos a se concentrarem em creches acessíveis e melhores meios de transporte para ajudar as pessoas a trabalharem, bem como expandir os programas de aprendizado e treinamento profissional, o que pode ser feito pelos setores público e privado.
Também tem havido preocupação com o número de pessoas que trabalham em vários empregos ou sentem que precisam ter um "trabalho paralelo" para chegar ao fim do mês. De acordo com o Departamento do Trabalho, 5 milhões de americanos trabalham em mais de um emprego, um número que não mudou muito nos últimos anos e permanece mais baixo do que era durante o boom da década de 1990.
A taxa de desemprego afro-americana é de 6,7%, depois de ter atingido uma baixa recorde há cerca de um ano. Ainda é mais que o dobro da taxa de brancos.
"A taxa de desemprego não é de 3,6% para todos", disse William Rodgers, economista-chefe do Centro Heldrich de Desenvolvimento da Força de Trabalho da Universidade Rutgers. "Este é um mercado de trabalho que ainda pode absorver mais trabalhadores, especialmente jovens e minorias".