A surpresa de outubro de 2018 poderia muito bem ser uma postagem no Instagram perfeitamente sincronizada por Taylor Swift. É possível que ela possa fazer pelos democratas o que muitos de seus colegas não conseguiram fazer em 2016?
Dois anos atrás, os democratas não conseguiram performances de milhões de dólares de ícones pop como Beyoncé, Jay-Z, Pharrell, Jennifer Lopez, Bruce Springsteen, Lady Gaga, Bon Jovi e Katy Perry em votso. Swift vai derrubar a cultura política dos apoios de celebridades do jeito que ela derrubou executivos de empresas de streaming? Ela pode, e aqui está o motivo:
Por quase uma geração, os millennials têm mostrado que, embora não tenham confiança ou fé suficiente em instituições e políticos para votar nas mesmas proporções que as gerações anteriores, eles não são apáticos.
Os millenials e os membros mais velhos da geração Z, que estão chegando à maioridade, recorreram ao serviço comunitário e ao voluntariado para resolver os problemas do país, votando apenas quando estivessem inspirados.
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Uma pesquisa de 2014 da AP-GfK relatou que o voluntariado é mais importante para os millennials do que para os membros da geração que os antecederam. A mais recente pesquisa do Instituto de Política de Harvard mostra que a maioria dos estudantes universitários e 36% dos americanos com menos de 30 anos relataram ser voluntários para serviços comunitários no último ano. Na maioria dos anos, mais jovens americanos se voluntariam do que votam.
Swift, que tem 28 anos, astutamente criou uma ponte para votar a partir desse compromisso estabelecido com o voluntariado. Uma postagem feita pela cantora em sua conta no Instagram, no domingo, destacou temas específicos que os
O Vote.org, o site ao qual se vinculou, informou que o número de novos inscritos no Tennesee nas 36 horas posteriores ao post de Taylor Swift foi equivalente ao movimento de setembro e mais do que o dobro de agosto. Nacionalmente, o site registrou 156 mil visitantes únicos nas 24 horas após o post de Swift, ficando atrás apenas dos números do Dia Nacional do Registro de Eleitores.
Não se estabeleceu um elo causal entre o post no Instagram e o vínculo dela ao site, mas há uma boa possibilidade que parte dessa alta seja atribuída a Swift. Ela construiu uma relação de admiração e respeito mútuo com seus fãs nas mídias sociais. Seu público é três vezes maior do que a do presidente Donald Trump e supera a população de quase todos os países do mundo. Ela pode alcançar esse público diretamente com sua mensagem de registro eleitoral, indo além dos campi universitários, onde tradicionalmente são feitos os esforços de registro.
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Se o primeiro passo for fazer com que os fãs se registrassem, a segunda fase os incentiva a votar. Em seu post, Swift descreveu as questões que a atraíram para a arena política depois de uma vida decididamente passada fora dela. Canalizando o temor sobre o futuro que dois terços de sua geração enfrenta, Swift conectou seus "valores do Tennessee" aos votos críticos que um membro do Congresso assume, desbastando uma das barreiras mais significativas à votação, que é o impacto tangível que essa participação pode fazer.
Jovens eleitores do Tennessee podem ficar ao lado de Swift, por exemplo, quando apoia candidatos que lutam por "todos os americanos, independentemente de sua cor de pele, sexo ou quem eles amam", como escreveu em seu post.
Swift disse que a candidata republicana ao Senado, Marsha Blackburn, tem um histórico de votação no Congresso que "me assusta e me aterroriza". Especificamente: "ela votou contra a igualdade de remuneração das mulheres. Ela votou contra a lei que tenta proteger as mulheres da violência doméstica, perseguição e estupro. Ela acredita que as empresas têm o direito de recusar-se a prestar serviços a casais gays. Também crê que eles não devem ter o direito de se casar." Portanto, escreveu Swift, ela pretende votar no ex-governador do Tennessee Phil Bredesen para o Senado e Jim Cooper para a Câmara dos Representantes.
O movimento de Swift não terá impacto duradouro se os candidatos que ela apoia e dezenas de outros em todo o país falharem em agir em questões pessoais e significativas para sua base de fãs. E, claro, o contexto e o tempo são muito importantes.
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Votar não é um hábito dos jovens americanos, por isto é fundamental lembrá-los que, em todos os distritos congressionais e estaduais em 6 de novembro, as armas estarão nas urnas, assim como empregos, saúde, igualdade de gênero e empoderamento, educação, empréstimos estudantis e o tipo de capitalismo que eles querem ver praticado nos Estados Unidos.
Pesquisas feitas em Harvard mostram que a campanha presidencial de 2016; os tiroteios em Las Vegas e Parkland, na Flórida; as brigas por indicação na Corte Suprema e questões políticas como imigração, comércio e reforma tributária, tornaram a política relevante para os jovens de uma maneira que não é vista desde os ataques terroristas de 11 de setembro. Swift não está imune a essas preocupações. Apesar de alguns alunos que eu conheci recentemente a criticarem por não ter se envolvido antes, nunca é tarde demais para ela fazer a sua parte
Impulsionada por Nashville e Memphis, duas das áreas metropolitanas com millenials que mais crescem no país, Swift poderia fazer o que poucas celebridades fizeram com sua entrada na política, em seu estado e além. Seis dos 20 principais mercados formados pelos millenials estão no Texas e na Flórida.
A Dakota do Norte, um estado crucial para os planos de republicanos e democratas, tem o maior aumento na população de millenials per capita de qualquer estado desde 2010. A composição da Câmara e do Senado em 2018 e da Casa Branca em 2020 está muito nas mãos dos millennials. Swift já se destaca entre seus pares por ter a base de fãs mais diversificada politicamente entre os jovens americanos, e não apostaria contra ela ajudando a registrar e empoderar o suficiente para os jovens fazerem a diferença em novembro, para eles e para o país.
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