Um mês após um acordo histórico para tentar pôr fim ao dossiê nuclear iraniano, o governo do Irã disse ontem que cogita retaliar a decisão dos EUA de punir empresas e pessoas de vários países acusadas de fazer negócios com Teerã.
Mas o Irã se absteve de anunciar a ruptura total das negociações diplomáticas em curso, que visam consolidar o pacto provisório firmado com as potências em Genebra.
"Estamos avaliando a situação, e o Irã reagirá à altura às novas sanções impostas contra 19 companhias e indivíduos. Isso vai contra o espírito do acordo de Genebra", disse o negociador e vice-chanceler iraniano, Abbas Araghchi, citado pela agência Fars.
No mês passado, o Irã se comprometeu a frear a expansão de seu programa nuclear, reduzir o grau de pureza do seu urânio enriquecido e permitir monitoramento mais intrusivo dos inspetores nucleares da ONU.
Em contrapartida, as potências negociadoras (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) permitiram que Teerã recupere parte de seus ativos congelados em bancos no exterior e anunciaram o alívio de algumas sanções, coo as que pesavam sobre o setor aéreo e sobre a indústria.
As potências também prometeram não impor novas punições ao Irã pelos próximos seis meses, prazo definido para que as partes se testem mutuamente antes de um eventual entendimento definitivo.
Mas o governo americano anunciou na quinta-feira nova rodada de punições contra organizações acusadas de burlar sanções contra o Irã impostas por causa de seu programa nuclear.
Implementadas pelos departamentos de Estado e do Tesouro, as novas medidas são amplamente vistas como uma tentativa da Casa Branca de tentar convencer o Congresso, abertamente hostil ao Irã, a não aplicar novas sanções que visem diretamente os iranianos.
Indireto
A iniciativa da Casa Branca congelou ativos nos EUA de pessoas e empresas do Panamá, da Ucrânia, de Cingapura e de outros países que são acusados de furar para trabalhar com a transportadora estatal de petróleo do Irã. Entidades visadas estão de agora em diante banidas de fazer negócios no mercado americano.
Embora não visem diretamente o Irã, as medidas privam Teerã de parceiros comerciais importantes.