Presidente Hassan Rouhani, enxuga a testa durante discurso na Assembleia Geral da ONU| Foto: Brendan McDermid/Reuters

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O Irã e as potências mundiais adiaram ontem as negociações do acordo sobre o programa nuclear da República Islâmica. A decisão é tomada em resposta à decisão do governo dos EUA de incluir em uma lista negra uma série de empresas e indivíduos iranianos que burlaram as sanções americanas. A interrupção acontece semanas após o país persa ter conseguido um acordo com o grupo de potências relacionado, justamente, às sanções.

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500 mil pessoas foram às ruas de Kiev, capital da Ucrânia, para protestar contra a decisão do presidente Viktor Yanukovich de não assinar acordo com a União Europeia para, aparentemente, estreitar relações da Rússia. Ontem o presidente disse que não há recusa de assinar o acordo, mas sim a intenção de negociá-lo.

Acusado de reprimir com violência os manifestantes, o presidente Viktor Yanukovich tem buscado uma solução que mantenha o acordo com a União Europeia, mas não o afaste da Rússia, de quem depende economicamente devido ao fornecimento de gás. A dívida ucraniana com os russos é de cerca de US$ 60 bilhões (R$ 140 bilhões).

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Forças ucranianas de segurança bloqueiam rua em Kiev

Um mês após um acordo histórico para tentar pôr fim ao dossiê nuclear iraniano, o governo do Irã disse ontem que cogita retaliar a decisão dos EUA de punir empresas e pessoas de vários países acusadas de fazer negócios com Teerã.

Mas o Irã se absteve de anunciar a ruptura total das negociações diplomáticas em curso, que visam consolidar o pacto provisório firmado com as potências em Genebra.

"Estamos avaliando a situação, e o Irã reagirá à altura às novas sanções impostas contra 19 companhias e indivíduos. Isso vai contra o espírito do acordo de Genebra", disse o negociador e vice-chanceler iraniano, Abbas Araghchi, citado pela agência Fars.

No mês passado, o Irã se comprometeu a frear a expansão de seu programa nuclear, reduzir o grau de pureza do seu urânio enriquecido e permitir monitoramento mais intrusivo dos inspetores nucleares da ONU.

Em contrapartida, as potências negociadoras (EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) permitiram que Teerã recupere parte de seus ativos congelados em bancos no exterior e anunciaram o alívio de algumas sanções, coo as que pesavam sobre o setor aéreo e sobre a indústria.

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As potências também prometeram não impor novas punições ao Irã pelos próximos seis meses, prazo definido para que as partes se testem mutuamente antes de um eventual entendimento definitivo.

Mas o governo americano anunciou na quinta-feira nova rodada de punições contra organizações acusadas de burlar sanções contra o Irã impostas por causa de seu programa nuclear.

Implementadas pelos departamentos de Estado e do Tesouro, as novas medidas são amplamente vistas como uma tentativa da Casa Branca de tentar convencer o Congresso, abertamente hostil ao Irã, a não aplicar novas sanções que visem diretamente os iranianos.

Indireto

A iniciativa da Casa Bran­ca congelou ativos nos EUA de pessoas e empresas do Panamá, da Ucrânia, de Cingapura e de outros países que são acusados de furar para trabalhar com a transportadora estatal de petróleo do Irã. Entidades visadas estão de agora em diante banidas de fazer negócios no mercado americano.

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Embora não visem diretamente o Irã, as medidas privam Teerã de parceiros comerciais importantes.