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Genebra

Teerã veta envio ao Brasil de mulher condenada por adultério

Protesto pela vida de Sakineh, condenada à morte no Irã: mobilização em toda a Europa | Divulgação/Comitê Icas
Protesto pela vida de Sakineh, condenada à morte no Irã: mobilização em toda a Europa (Foto: Divulgação/Comitê Icas)

O governo do Irã rejeitou formalmente ontem a oferta do Brasil de receber a iraniana Sakineh Ashtiani como refugiada e confirmou que a execução não será mais por apedrejamento.A informação foi divulgada um dia depois de o Itamaraty ter admitido que levou a oferta de asilo à chancelaria iraniana e no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva firmou um decreto aprovando resolução do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) com sanções contra o Irã.

Segundo o diplomata iraniano em Oslo, Mohammad Hos­­seini, a ideia de enviá-la ao Brasil está descartada. "Ela cometeu crimes e foi julgada por eles. Não faz sentido enviar um cidadão criminoso para que tenha liberdade em outro país", disse Hosseini.

"O Irã deve recusar a oferta do Brasil, já que a pessoa envolvida cometeu um crime, e um criminoso não pode ser mandado para outro país", afirmou. "Ela deve encarar as consequências legais dos atos que cometeu. Qualquer pessoa que tire a vida de alguém precisa entender que há conse­­quências."

Inicialmente, informou-se que Sakineh tinha sido condenada à morte por apedrejamento por adultério. Mas, após pressões da comunidade internacionais, Teerã informou que ela foi condenada pelo assassinato do marido.

Agora, o governo prevê enforcar Sakineh, a não ser que a família do marido a perdoe. A família já perdoou um homem acusado de ter participado do assassinato. Se o perdão for dado, Sakineh ficará presa.

Tanto a iraniana quanto o ad­­vogado dela, Mohammad Mos­­tafaei – que recebeu asilo na No­­ruega –, dizem que Teerã simplesmente mudou a condenação para justificar a execução.

Ontem, Teerã confiscou computadores e arquivos de dezenas de pessoas do escritório de Mos­­tafaei. A Justiça iraniana acusou o advogado de ser um "fraudador". Segundo o procurador-ge­­ral do Irã, Jafar Dowlatabadi, Mostafaei fugiu – para a Tur­­quia – para não ser preso e processado por crimes financeiros, e não por questões de direitos hu­­­­manos. O advogado nega a acusação e diz que Teerã quer silenciá-lo.

Protestos

Uma série de manifestações ocor­­reu ontem em cerca de 20 cidades europeias — de Londres a Es­­­­tocolmo — tentando evitar a execução de Sakineh. Em Co­­lô­­nia, na Alemanha, centenas de ativistas iranianos tomaram a praça da catedral. Segundo Mina Aha­­di, diretora do Comitê Inter­­na­­cional contra a Pena de Morte e o Apedrejamento, havia o te­­mor de que Sakineh seria executada hoje porque quarta-feira é o dia tradicional das execuções no Irã.

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