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Temendo intervenção, Maduro evita termo 'crise humanitária'

Imigrante venezuelano Jefferson Alexis e seu pai Jose Agustin Lopez, em uma cadeira de rodas, param para descansar enquanto viajam pela estrada que liga Cucuta e Pamplona, na Colômbia | SCHNEYDER MENDOZA/AFP
Imigrante venezuelano Jefferson Alexis e seu pai Jose Agustin Lopez, em uma cadeira de rodas, param para descansar enquanto viajam pela estrada que liga Cucuta e Pamplona, na Colômbia (Foto: SCHNEYDER MENDOZA/AFP)

O regime do ditador Nicolás Maduro e seus aliados em Moscou e Pequim vem fazendo forte pressão nos bastidores para impedir que a crise na Venezuela seja declarada como "humanitária" e recusando alimentos e remédios para não parecer que o Estado está em colapso. O temor é de que a ajuda externa seja utilizada como um pretexto para justificar uma intervenção estrangeira no país. 

Fontes de alto escalão da ONU confirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo que enviados de Caracas têm informado às entidades, secretamente, sobre a necessidade de comida e remédio. O problema é que, se aceitarem a ajuda internacional, eles temem a abertura de uma brecha para que o país seja alvo de um golpe.

Nos últimos dias, o tema reapareceu. O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, admitiu a possibilidade na semana passada, durante visita à Colômbia. Nos EUA, o New York Times revelou que Donald Trump chegou a tratar do assunto. Por isso, nos bastidores, os aliados do chavismo já avisaram que rejeitam a ideia de crise "humanitária". 

Uma das missões enviadas por Maduro esteve em Genebra, onde o chanceler Jorge Arreaza se reuniu com os diretores das principais agências da ONU. Publicamente, ele negou a existência de um problema humanitário ou de refugiados.

"Eles precisam de ajuda, mas não podem chamar a crise de humanitária", afirmou uma fonte da ONU, que pediu para não ser identificada. Diplomatas consultados pelo jornal dizem que, após a Guerra Fria, a ideia de intervenções humanitárias ganhou força na ONU. Nos anos 90, o "direito à intervenção humanitária" foi levantado pelo Reino Unido no debate sobre o Iraque. A Otan usou o mesmo argumento em Kosovo.

Ajuda para regresso

Apesar de recusar ajuda humanitária, Maduro afirmou nesta quinta-feira (20) que vai solicitar à ONU US$ 500 milhões para financiar o programa “Regresso à Pátria”, que promete financiar a volta de milhares de venezuelanos que migraram para países da região, como Brasil, Colômbia, Peru e Equador.

"Eu o convido [Eduardo Stein, enviado especial da ONU para a crise migratória do país] a vir para a Venezuela, porque eu vou pedir a ele que me traga 500 milhões de dólares para levar o plano de volta à pátria a todos o venezuelanos que deixaram o país e querem voltar ", disse Maduro durante uma reunião com membros do gabinete econômico, conforme noticiou o jornal venezuelano El Nacional.

Segundo o ditador, o dinheiro seria aplicado no aluguel de uma frota de aviões que transportassem os venezuelanos de volta à terra natal.

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