O vice-presidente Michel Temer se encontrou nesta quarta-feira (16) com o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, na mais importante reunião entre as autoridades dos dois países na atual viagem oficial a Moscou.
Em seus discursos, os dois representantes prometeram intensificar a cooperação em áreas como educação, ciência e tecnologia, mas focaram seus discursos no objetivo de elevar o comércio bilateral à meta de US$ 10 bilhões estabelecida pelo Planalto e pelo Kremlin.
Em seu discurso, Medvedev ressaltou a necessidade de buscar avanços concretos da colaboração bilateral nas áreas de comércio, indústria, agricultura, ciência e cultura. “O Brasil é o nosso grande parceiro na América do Sul. Trabalhamos juntos e colaboramos em diferentes formatos, como os BRICS, e cooperamos de maneira intensa no G20, na OMC e na ONU”, lembrou o premiê e também ex-presidente.
“É muito importante que nossa cooperação política se apoie na cooperação econômica. Nosso comércio tem crescido nos últimos dois anos a um ritmo sustentável e, apesar das oscilações do período mais recente, fizemos um bom avanço no que diz respeito ao objetivo de US$ 10 bilhões do comércio bilateral.”
Em resposta, Temer reforçou a necessidade de implementação das medidas do plano de ação de cooperação econômica e comercial e convidou as empresas russas dos setores de infraestrutura e energia a investirem no País.
“O Brasil tem todo o interesse em atrair empresas russas para trabalhos de modernização de nossa infraestrutura”, lembrou, citando setores como o ferroviário, no qual o Estado e as companhias russas têm experiência. “Muito pode e deve ser feito para que possamos chegar à cifra de US$ 10 bilhões do comércio bilateral.”
Temer está em Moscou há três dias participando da Comissão de Alto Nível (CAN) entre Brasil e Rússia. Acompanham sua delegação seis ministros do PMDB, entre os quais o de Energia, Eduardo Braga, e de Turismo, Henrique Eduardo Alves.
Desde que chegou, o vice-presidente só falou à imprensa por pouco mais de cinco minutos, e tem evitado questões sobre a situação política no Brasil. Ele tampouco se posicionou de forma oficial sobre os cortes de R$ 26 bilhões anunciados pelo governo de Dilma Rousseff e não se manifestou sobre se apoiará ou não a proposta de recriação da CPMF, projeto que criticou há três semanas.
Na segunda-feira à noite, entretanto, Temer e Dilma conversaram por telefone, quando a presidente explicou o projeto de cortes e de aumento da carga tributária. Segundo ministros que acompanham o vice-presidente, Temer “compreendeu” as alegações e aceitou os argumentos do Planalto. “Ele concordou com a argumentação que ela (Dilma) fez, com as motivações que ela apresentou”, disse o ministro Henrique Eduardo Alves. “Ao chegar ao Brasil ele (Temer) vai trabalhar para ajudar na relação com o poder Legislativo”, disse Alves.
A delegação brasileira deixa Moscou nesta quarta-feira, partindo para Varsóvia, na Polônia, segunda e última etapa da turnê pela Europa.
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