Uma tempestade tropical que se dirige ao Haiti ameaça provocar inundações que afetariam centenas de milhares de pessoas e deve agravar a epidemia de cólera que já matou mais de 440 haitianos, disse a ONU na quarta-feira.
A tempestade Tomas deve atingir o Haiti na sexta-feira, causando chuvas torrenciais e uma ressaca com ondas de 2 a 3 metros de altura, e colocando 1,5 milhão de pessoas em risco, segundo Nigel Fisher, coordenador humanitário da ONU no Haiti, citando estimativas do governo.
"O maior temor é que as pessoas sejam apanhadas pela elevação das águas e pela potencial difusão do cólera", disse Fisher em entrevista. "Que as pessoas não pensem que (a epidemia) está controlada. A epidemia de cólera deve se espalhar."
Na quarta-feira à noite, o litoral do Haiti foi colocado em estado de alerta contra furacões. O mesmo ocorre no sudeste das Bahamas e nas ilhas Turks e Caicos.
O Haiti é particularmente propenso a deslizamentos por causa do seu terreno montanhoso e do forte desmatamento que já sofreu. Além disso, o país tem cerca de 1,3 milhão de pessoas vivendo em condições precárias desde o terremoto de 12 de janeiro, que matou até 300 mil pessoas.
Como furacão, Tomas já atingiu as ilhas do leste do Caribe há quatro dias, matando pelo menos cinco pessoas em Santa Lúcia. Depois perdeu força, mas voltou a se intensificar e deve afetar o Haiti e a Jamaica a partir da noite de quinta-feira, segundo meteorologistas.
Na quarta-feira, a tempestade tinha ventos regulares de até 75 quilômetros por hora, e se deslocava para noroeste, segundo o Centro Nacional de Furacões (CNF) dos EUA. No último boletim do instituto, seu núcleo estava 470 quilômetros a sudoeste de Porto Príncipe. "Tomas pode se aproximar da força de um furacão conforme seu centro chegar perto do Haiti", alertou o CNF.
Na Jamaica, as autoridades estão preparando abrigos e orientando as pessoas a deixarem áreas litorâneas e propensas a inundações.
No Haiti, o governo dá orientações semelhantes, pedindo as pessoas que busquem abrigo em casas de amigos e parentes ou em albergues comunitários. Mas o governo tem uma capacidade limitada para acelerar o processo de retirada, e com muitos desabrigados do terremoto acampados na capital, será difícil buscar alternativa segura.
"Se o furacão for tão grande a ponto de atingir todo o país severamente (...), ficaremos realmente sobrecarregados e teremos de tomar decisões difíceis sobre onde colocar recursos escassos", disse Fisher, da ONU.
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