A tenista chinesa Peng Shuai negou ter acusado qualquer pessoa de assédio sexual e disse que uma mensagem publicada por ela nas redes sociais no mês passado foi mal interpretada. Peng fez as declarações neste domingo em entrevista a um jornal de Singapura.
"Eu quero deixar isso bem claro: eu nunca aleguei, ou escrevi que alguém teria me assediado sexualmente", disse a tenista em vídeo publicado pelo site Lianhe Zaobao, uma publicação em chinês, e repercutido pela imprensa internacional neste domingo.
O paradeiro e o bem-estar de Peng foram motivos de preocupação internacional depois que ela publicou, em 2 de novembro, uma mensagem que indicava que ela teria sido vítima de assédio sexual pelo ex-vice-premiê Zhang Gaoli, uma autoridade do Partido Comunista da China. Depois da publicação, ela não foi vista em público durante cerca de três semanas. Nas poucas vezes em que apareceu na mídia nesse período, a comunidade global de tênis suspeitou que ela estava sendo coagida.
"Com relação ao Weibo, trata-se de minha privacidade pessoal. Houve muitos mal entendidos. Não deveria haver interpretações distorcidas", disse Peng, referindo-se ao seu post na rede social, equivalente ao Twitter na China, que foi apagado cerca de meia hora depois de ter sido publicado.
Uma jornalista do Global Times, jornal estatal da China, publicou no Twitter neste domingo um vídeo de sete segundos em que Peng Shuai aparece conversando com o jogador de basquete chinês Yao Ming e mais uma pessoa. Peng é a única dos três que não está usando máscara.
Há algumas semanas, a Associação de Tênis Feminino (WTA) anunciou a suspensão imediata de futuros torneios na China, devido a preocupações sobre o tratamento dado a Peng e a segurança de outras jogadoras. Várias organizações aproveitaram o caso para defender um boicote aos Jogos Olímpicos de Inverno, que serão realizados em Pequim no ano que vem.
Em sua entrevista neste domingo, Peng falou sobre uma carta que teria sido escrita por ela ao diretor da WTA, Steve Simon, negando a acusação de assédio. Ela confirmou que escreveu a versão em chinês da mensagem que foi enviada a Simon, e disse que a versão em inglês publicada pela CGTN, emissora estatal chinesa com programação em inglês, foi traduzir porque o nível de inglês dela era insuficiente.
"Mas [as duas versões] diziam mais ou menos a mesma coisa", disse a tenista, acrescentando que escreveu a carta por vontade própria.
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