Tiroteio após protesto contra reforma de Chávez
Ao menos nove estudantes ficaram feridos -dois deles baleados - na quarta-feira em confrontos na Universidade Central da Venezuela (UCV) quando retornavam de protestos contra a reforma constitucional proposta pelo presidente Hugo Chávez. Eles foram emboscados por um grupo de homens armados que usavam máscaras, identificados por testemunhas como integrantes de um grupo chavista. O ataque fez da principal universidade do país um cenário de batalha campal, com estudantes sendo alvo de tiros, pedras, gás lacrimogêneo.
A menos de um mês do referendo sobre a reforma constitucional, a tensão aumenta cada vez mais na Venezuela, onde as autoridades universitárias acusaram nesta quinta-feira o presidente Hugo Chávez de incentivar a violência, no dia seguinte a um ataque dentro de um campus.
Quatro estudantes foram baleados durante este ataque lançado quarta-feira por homens armados no campus da Universidade Central da Venezuela (UCV), a maior do país. Dois desses estudantes estão em estado grave.
"Pedimos às autoridades, ao presidente Chávez e aos representantes do governo que deixem de incentivar a violência", declarou o vice-reitor da UCV, Eleazar Narvaez, durante uma entrevista coletiva.
"Chega desse incentivo à violência, desta linguagem de promoção do enfrentamento entre os grupos: os ricos contra os pobres. O país pede paz, harmonia, coabitação entre todos os venezuelanos", prosseguiu.
No fim de semana passado, Chávez preconizou "linha dura" contra os estudantes contrários a sua reforma da Constituição, que prevê o fortalecimento de seus poderes e a instauração de um estado socialista.
"Não vamos tolerar que esses filhinhos de papai nascidos com uma colher de prata na boca venham devastar o centro de Caracas", declarou então o presidente.
De acordo com os dirigentes universitários, cerca de 60 pessoas que circulavam de moto entraram no campus antes de abrir fogo contra estudantes que voltavam de uma manifestação contra a reforma.
Depois de terem incendiado um ônibus, os autores da agressão, que não foram identificados, se entrincheiraram num edifício universitário e atiraram pelas janelas, constatou um jornalista da AFP.
Este grupo armado seqüestrou durante várias horas professores, estudantes e funcionários, afirmou Narvaez.
"Essas pessoas, mascaradas e armadas, foram auxiliadas por vários veículos que irromperam repentinamente e com violência no recinto universitário, apesar da presença de policiais na entrada", observou.
Os estudantes, que pedem o adiamento do referendo popular sobre a reforma constitucional previsto para o dia 2 de dezembro, anunciaram a intenção de prestar queixa no ministério público depois do ataque da universidade.
O ministro do Interior, Pedro Carreño, garantiu que o governo rejeita "categoricamente esses atos de violência", e incentivou as autoridades universitárias a "refletir".
"Diante desta situação de desestabilização, os reitores devem assumir sua responsabilidade para garantir a ordem", declarou.
A nova Constituição dá ao chefe de Estado, reeleito em dezembro passado para mais um mandato de seis anos, a possibilidade de se candidatar à eleição presidencial quantas vezes quiser. Uma disposição também permite decretar um "estado de exceção" que autoriza a censura pura e simples da imprensa.
No âmbito econômico, a reforma acaba com a autonomia do banco central e proclama o prosseguimento das nacionalizações no setor da energia e do petróleo.
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