Faixa de Gaza – Um juiz do Hamas, grupo islâmico que controla o governo palestino, foi executado ontem ao sair de um táxi em frente ao tribunal em que trabalhava, na cidade de Khan Younis, ao sul da Faixa de Gaza. O crime foi atribuído pelo Hamas ao partido laico Fatah, do presidente Mahmoud Abbas.

CARREGANDO :)

Num momento em que as tensões na região estão elevadas, o maior risco é um incidente como este desatar uma guerra civil entre os dois principais grupos políticos palestinos.

Bassam al-Fara, de 30 anos, era juiz na Corte Islâmica e pertencia ao braço armado do Hamas, de acordo com autoridades do grupo. Segundo testemunhas, ao chegar ao trabalho ele foi abordado por quatro homens armados que tomava café em uma lanchonete. Os desconhecidos fizeram Fara se ajoelhar e lhe deram vários tiros em plena luz do dia, fugindo em seguida.

Publicidade

Em um comunicado, o Hamas, que vem acusando o Fatah de querer derrubar o seu governo, atribuiu o crime a "esquadrões da morte" ligados ao grupo rival e prometeu punir os responsáveis. "O Hamas não vai esquecer que o sangue de seus integrantes foi derramado", disse o porta-voz do grupo, Tawfik Abu Khoussa.

Cerca de 10 mil pessoas participaram do enterro de Fara, em Khan Younis, onde pediram vingança.

Em Nusseirat, uma bomba de fabricação caseira foi lançada contra um grupo de manifestantes do Hamas, ferindo um integrante do grupo. Um dia antes, foram os simpatizantes do Fatah que saíram às ruas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza para protestar contra a morte de três crianças, filhos de um dos chefes do seu serviço de inteligência.

Com medo de uma escalada de violência na região, o premier Ismail Haniyeh, do Hamas, que estava em visita ao Sudão, teve de cancelar ontem a viagem que faria a outros países muçulmanos, como Irã e Síria. Ele anunciou que retornará amanhã para os territórios palestinos.

Eleições

Publicidade

Desde que o Hamas venceu o Fatah nas eleições legislativas de janeiro, os dois grupos estão travando uma truculenta disputa por poder na região. O Ocidente suspendeu toda ajuda à Autoridade Palestina a fim de forçar o Hamas a desistir da violência e reconhecer o direito à existência de Israel, e o Estado judeu deixou de repassar impostos coletados dos palestinos, aprofundando a crise humanitária na Cisjordânia e Faixa de Gaza. No mês passado, tentativas de formar um governo de coalizão chegaram a um impasse, o que intensificou os embates entre o Hamas e o Fatah.

O presidente palestino deve fazer nesse sábado um discurso no qual, segundo seus assessores, pedirá a dissolução do gabinete de Haniyeh e a convocação de eleições antecipadas.