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Homem com uma cruz na mão participa de manifestação pró-Rússia diante de prédio público em Lugansk, uma das cidades com prédios tomados por separatistas, no leste da Ucrânia | Shamil Zhumatov/Reuters
Homem com uma cruz na mão participa de manifestação pró-Rússia diante de prédio público em Lugansk, uma das cidades com prédios tomados por separatistas, no leste da Ucrânia| Foto: Shamil Zhumatov/Reuters

Mar Negro

Americanos apontam "provocação militar" russa no Mar Negro

O novo capítulo da crise no leste da Ucrânia é a acusação do governo dos Estados Unidos de que a Rússia usou um avião militar para sobrevoar um navio de guerra americano no Mar Negro durante o fim de semana. Segundo o Pentágono, um avião russo de reconhecimento e ataque passou 12 vezes perto do navio da Marinha USS Donald Cook, enviado na semana passada justamente por causa da tensão na região. "Essa ação provocativa e pouco profissional da Rússia não condiz com acordos prévios entre as tropas", afirmou o porta-voz do Departamento de Defesa, Steven Warren. O avião russo teria passado a uma altitude de 150 m e a uma distância de 900 m. O Kremlin não respondeu à acusação.

Referendo

Presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov, disse ontem que não se opõe a um referendo sobre a federalização do país, após o fim do ultimato que fez aos separatistas de províncias do leste do país.

CIA

A Casa Branca alertou ontem que a Rússia vai ter de arcar com mais "custos" das intervenções na Ucrânia e confirmou que o diretor da CIA dos EUA, John Brennan, esteve em Kiev no fim de semana.

Separatistas ucranianos pró-Rússia ignoraram ontem um ultimato para abandonar edifícios ocupados no leste do país e um grupo de rebeldes atacou um quartel-general da polícia, depois que uma ameaça de ofensiva militar de forças do governo não se concretizou.

Os rebeldes na cidade de Slaviansk, que seriam o alvo principal de uma ampla operação "antiterrorista" do governo envolvendo o Exército, emitiram um chamado ousado para que o presidente russo, Vladimir Putin, os ajude.

O presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov, disse ontem que a ofensiva iria adiante mesmo assim. Mas, em um sinal de discórdia nos bastidores em Kiev, ele demitiu o chefe da segurança estatal a cargo da operação.

Turchinov também deu um passo arriscado para tentar minar as exigências dos rebeldes ao aventar a possibilidade de um referendo sobre o formato futuro do Estado ucraniano. Ele insinuou que uma consulta nacional poderia ser feita ao mesmo tempo que as eleições presidenciais de 25 de maio.

Os separatistas pró-Rússia querem a realização de referendos, mas somente em suas regiões do leste, o que Kiev diz ser ilegal.

O levante de homens armados e uniformizados, que ocuparam edifícios em cidades no leste da Ucrânia, começou oito dias atrás e se acelerou nas últimas 48 horas.

União Europeia pede tempo para diplomacia

A União Europeia (UE) ameaçou a Rússia com mais sanções. A Grã-Bretanha diz que Moscou está claramente por trás da instabilidade ucraniana, embora outros países da UE tenham dito que se deve dar mais tempo à diplomacia.

Quando o prazo de 9h (3h em Brasília) emitido pelas autoridades de Kiev expirou, um repórter da Reuters na cidade de Slaviansk, um dos novos epicentros rebeldes onde homens armados ocuparam dois edifícios do governo, não viu nada que mostrasse que os manifestantes estivessem obedecendo ao ultimato.

Um dos líderes rebeldes, em um apelo emitido através de jornalistas, pediu a Putin que "nos ajude tanto quanto puder". O Kremlin disse que o presidente russo está ouvindo.

"Infelizmente, há muitos apelos desse tipo vindos do leste da Ucrânia, endereçados diretamente a Putin para intervir desta ou daquela maneira", afirmou o porta-voz Dmitry Peskov.

Também em Slaviansk, a cerca de 150 quilômetros da fronteira russa, um pequeno campo aéreo que foi ocupado por aviões da força aérea ucraniana estava vazio ontem e forças separatistas pró-Rússia disseram estar controlando-o no momento.

Na cidade de Horlivka, entretanto, cerca de cem separatistas pró-Rússia atacaram o quartel-general da polícia. Vídeos na tevê ucraniana mostraram uma ambulância tratando pessoas aparentemente feridas no ataque.

Ao todo, os separatistas ocuparam edifícios governamentais e instalações de segurança em dez cidades, o que aumentou a sensação de que o coração industrial da Ucrânia está escapando de seu controle.

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