Os responsáveis pela investigação francesa afirmam que a terceira etapa de buscas do Airbus A330, que custará cerca de 10 milhões de euros (R$ 25,47 milhões) e começará em fevereiro, será decisiva para avançar nas investigações da tragédia do voo 447 (Rio-Paris). "Um acidente normal, que dispõe de registros da caixa-preta, pode demandar até dois anos de investigação. Neste, como não temos os registros, é ainda mais complicado", defendeu-se Alain Bouillard, chefe da investigação no escritório francês (BEA).
As novas buscas nas águas do Atlântico não rastrearão apenas as caixas-pretas - para resgatá-las, aliás, será preciso mobilizar sondas automáticas, pequenos robôs de mergulho especialmente planejados para esse trabalho. Caso elas não sejam encontradas, a carcaça do avião poderá ser útil para os investigadores. No entanto, encontrar a carcaça também se revelou tarefa difícil, após as duas primeiras etapas de pesquisa, que compreenderam 22 mil quilômetros quadrados.
A operação contará agora com um grupo de órgãos de pesquisa multinacional para tentar estudar e estabelecer uma área de busca. Estão previstos inicialmente dois meses de operação.
O BEA também procura o auxílio de uma empresa especializada em rastrear o fundo do mar, sobretudo áreas com mais de 4 mil metros de profundidade. Um dos principais complicadores da busca pela carcaça, segundo os especialistas, é o solo extremamente irregular do Oceano Atlântico naquela região, apresentando grandes diferenças de profundidade.
Uma das dificuldades está em estabelecer o local exato da queda do Air France. Até o último ponto de reporte de posição transmitido automaticamente pelas mensagens eletrônicas Acars não ocorreu desvio maior que 1 milha náutica na rota prevista para o avião. Uma eventual alteração da rota, segundo as investigações, só pode ter ocorrido nos últimos cinco minutos de voo.
Importância
Sem as caixas-pretas, investigadores podem nunca conseguir determinar o que ocorreu com o Airbus A330. A segunda e mais recente busca pelos materiais foi encerrada em agosto. A nova pesquisa terá o apoio da Marinha dos Estados Unidos e da National Transportation Safety Board (NTSB), organização americana independente que é indicada pelo Congresso para investigar acidentes na aviação civil dos EUA. Também participarão especialistas de Reino Unido, Alemanha, Rússia e Brasil, além de companhias privadas.
John Clemes, que perdeu um irmão no acidente, critica o fato de os investigadores não terem contratado, em novembro, especialistas para determinar qual trecho do mar será vasculhado na próxima busca. Ele, ressalta, porém, a transparência das autoridades no caso. Familiares brasileiros das vítimas já reclamaram que não recebiam informações suficientes sobre essa parte da investigação.
Robert Soulas, que perdeu a filha e o genro na tragédia do 447, e faz parte de uma associação que representa familiares de 54 das vítimas, questionou o tempo que vem sendo gasto na definição das buscas. Para ele, a investigação do BEA está atrasada nas buscas pelos destroços, capitaneada por Jean-Paul Troadec, que substituiu Paul-Louis Arslanian em outubro como chefe do órgão francês. "Por que estamos esperando tanto?", questionou Soulas. "Quanto mais esperamos mais fica provável que as caixas-pretas se deteriorem."
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas