O general de Exército Augusto José Ramón Pinochet Ugarte governou ditatorialmente o Chile entre 1973 e 1990, tendo tomado o poder com o golpe militar que derrubou o governo socialista de Salvador Allende em 11 de setembro de 1973. Até então, o governo Allende, eleito democraticamente em 1970, se esforçava para construir uma sociedade baseada nos princípios socialistas, onde se previa uma ampla reforma agrária, a nacionalização das empresas estrangeiras que controlavam as riquezas minerais do país e a socialização de uma série de setores produtivos até então operados pela inciativa privada.

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A instauração da ditadura militar sob Pinochet significou a reversão do projeto, estabelecendo-se em seu lugar uma economia capitalista acentuadamente liberal. Mas teria sido o golpe o único obstáculo à construção de uma sociedade socialista naquele país?

O período de transição ao socialismo, no qual o Estado vai gradualmente encampando ou socializando as atividades produtivas, inevitavelmente inicia uma crise econômica, derivada da relutância do empresariado privado em investir numa conjuntura em que sequer tem garantias de que continuará a ser dono daquele empreendimento no qual está investindo seu capital. Se não há investimento, verifica-se logo o declínio econômico, ou mesmo instaura-se o caos no setor produtivo. O resultado é uma crise econômica que retira o apoio eleitoral ao governo socialista, o que pode levá-lo a recuar em seus propósitos.

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Por isso, a fase final do governo Allende foi marcada por intensos debates entre os que defendiam a manutenção da via democrática para o socialismo e os que se dispunham a pegar em armas para completar as reformas iniciadas. Com um eleitorado dividido quase que igualmente entre os que apoiavam ou rejeitavam o programa socialista, foi relativamente fácil à ditadura – e à figura de Pinochet – lograr reunir bases sociais de apoio que sustentassem o regime ditatorial e, nos dias de hoje, continuassem a prestigiar e homenagear a pessoa do ex-ditador.