Nova Iorque (AE/AP) Ameaçados de prisão, os líderes do Sindicato dos Trabalhadores nos Transportes (TWU) decidiram ontem pôr fim à greve ilegal que paralisou o setor durante três dias e forçou 7 milhões de usuários nova-iorquinos a ir à pé ao trabalho, enfrentando fortes ventos e temperaturas de até 10 graus negativos. Os prejuízos passaram de US$ 1 bilhão, segundo as estimativas lançadas ontem.
Segundo a legislação vigente em Nova Iorque, o funcionalismo público não pode paralisar suas atividades. Com base nela, a Justiça decidiu aplicar multas diárias de US$ 1 milhão ao TWU. E advertira, igualmente, os grevistas de que teriam cortes diários em seus salários. No início da noite de quarta-feira, um juiz federal desferiu golpe decisivo: intimou três líderes do sindicato, incluindo o presidente Robert Toussaint, a uma audiência, que culminaria com a prisão deles. A decisão do TWU de propor o retorno ao trabalho ocorreu pouco antes do comparecimento deles ao tribunal, marcado para as 11 horas (14 horas de Brasília).
Os grevistas concordaram em regressar gradualmente a seus postos, enquanto eram retomadas as negociações sobre o acordo salarial entre o TWU e a Autoridade Metropolitana de Transportes (MTA), controlada pelo governo. "Acreditamos que o sistema estará completamente normalizado em 24 horas", disse Richard Curreri, mediador do conflito trabalhista.
Estimados em 33,7 mil, os trabalhadores exigem 22% de aumento, benefícios na área de saúde e a manutenção dos nível atual de aposentadoria que é de 55 anos. A MTA oferece 6% de reajuste e quer fixar em 62 anos o teto da aposentadoria. Eles não fizeram greve nos últimos 25 anos.
"Ambas as partes têm um interesse genuíno de resolver suas diferenças", destacou Curreri, sem dar detalhes. Aparentemente, a MTA atendeu a uma das reivindicações do TWU, para reiniciar o diálogo: a retirada da proposta sobre o limite da idade para aposentadoria. No dia anterior, o líder sindical classificara essa iniciativa da MTA como a causa da greve.
A decisão dos líderes foi posteriormente referendada pelo comitê executivo do sindicato. "Eu estou satisfeito em anunciar que o comitê executivo do sindicato acaba de votar de forma esmagadora a instruir os trabalhadores de transporte a retornar imediatamente ao trabalho retomar o serviço de ônibus e metrô nas cinco divisões da cidade de Nova Iorque", anunciou o presidente do (TWU), Roger Toussaint.
Os prejuízos foram sentidos não só pelos 7 milhões de usuários do sistema público de transporte, mas por praticamente todos os 20 milhões de habitantes da região metropolitana da maior cidade dos Estados Unidos. O atraso dos funcionários, a falta de clientes no comércio, a necessidade de patrulhamento extra nas ruas agravaram os custos, que foram estimados em mais de US$ 300 milhões ao dia. Além disso, a população teve que pagar até 100% mais caro por serviços relacionados ao transporte.