Brasília Termina hoje o prazo para a Bolívia dar resposta sobre a proposta feita pela Petrobrás, que quer vender 100% de suas refinarias naquele país. O negócio será discutido a partir das 9 horas desta quarta-feira, em La Paz, a pedido do ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas. O ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, disse ontem que o interlocutor brasileiro no encontro será o presidente da Petrobrás Bolívia, José Fernando de Freitas.
"As negociações estão em andamento. Naturalmente, eles vão pedir explicações sobre a proposta da Petrobrás", comentou Rondeau, sem revelar valores.
A orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação às negociações com a Bolívia, segundo Rondeau, é "por enquanto a de restringir-se a uma questão comercial entre a YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales de Bolívia) e a Petrobrás". Há, no entanto, no lado brasileiro, quem defenda a tese de que a Petrobrás está desobrigada de cumprir o acordo do aumento do gás .
Questionado se governo brasileiro poderia decidir romper esse acordo Rondeau disse: "Não tenho resposta para sua pergunta", acrescentando que o assunto não chegou a ser discutido. Apesar de essa não ser uma idéia totalmente descartada no governo, fontes ligadas à Petrobrás afirmam que a empresa, no momento, vai manter os dois assuntos separadamente porque está segura, sob o aspecto jurídico, de que está com a razão na questão das refinarias.
Acordo
O presidente Evo Morales adotou um tom cauteloso ao comentar a mais nova crise diplomática com o Brasil, exortando o "diálogo para resolver o impasse em torno da estatização das refinarias da Petrobras.
O governo boliviano, no entanto, considera que a empresa brasileira não tem "jurisdição caso decida recorrer à arbitragem internacional.
"Estou convencido de que, com países vizinhos como o Brasil, jamais será necessário recorrer às arbitragens internacionais, disse Morales, durante entrevista coletiva ontem em La Paz. "Seguramente haverá entendimento, isso não é um problema, falta apenas aprofundar o diálogo.
Morales voltou a assegurar que o abastecimento de gás ao Brasil não será afetado pela crise e disse que o governo decidiria "nas próximas horas sobre a oferta final da Petrobrás.
Segundo a reportagem apurou, a oferta é de US$ 112 milhões, bem acima dos cerca de US$ 60 milhões a US$ 70 milhões que a Bolívia se dispõe a pagar. A Petrobrás ameaça usar um tribunal internacional se não houver um acordo.
O presidente boliviano defendeu ainda o decreto promulgado no domingo, pelo qual as refinarias perdem o direito de exportar seus produtos, principalmente petróleo cru reconstituído, a operação mais rentável das duas plantas.
"Queremos reafirmar que o povo boliviano tomou uma decisão soberana para que a YPFB [estatal] assuma a responsabilidade de exportar nossos hidrocarbonetos, disse, segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI).