Israel e Hamas aceitaram ontem uma proposta de cessar-fogo sem limite de tempo, mediada pelo Egito.
Espera-se que o acordo encerre o conflito na Faixa de Gaza depois de 50 dias da operação Margem Protetora cujo objetivo era destruir os túneis e os foguetes do grupo extremista islâmico , em que morreram 2.120 palestinos e 69 israelenses.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, confirmou oficialmente a trégua.
Segundo um comunicado do ministério das Relações Exteriores egípcio, Israel concordou com a entrada de ajuda humanitária e de material de construção em Gaza.
A trégua proposta pelo Egito prevê o fim do bloqueio à Faixa de Gaza, com a abertura das passagens ao território, controladas por Israel e pelo Egito, além de uma ampliação da zona de pesca palestina no Mediterrâneo.
Numa segunda fase, que deve começar daqui a um mês, Israel e os palestinos devem discutir a construção de um porto de mar de Gaza e a libertação de membros do Hamas presos por Israel na Cisjordânia.
Israel e Egito veem o Hamas, grupo radical que controla a faixa de Gaza, como uma ameaça à segurança e querem garantias de que armas não entrem em seu território.
O último cessar-fogo entrou em vigor no dia 11 de agosto e foi respeitado durante nove dias. Nesse período de tempo, os egípcios tentaram convencer os dois lados a aceitar uma trégua prolongada.
Prédios
No sábado, o exército israelense havia destruído outro edifício residencial de 13 andares na Cidade de Gaza e um centro comercial em Rafah, na fronteira com o Egito. Houve apenas feridos, já que as forças israelenses alertaram os moradores sobre o bombardeio nos locais.
De acordo com uma fonte militar, a Força Aérea de Israel realizou 15 ataques contra Gaza desde a meia-noite de ontem, ao mesmo tempo que vários foguetes foram lançados contra o território israelense.
Dois palestinos morreram em um dos ataques, anunciaram os serviços de emergência do território.
De acordo com números da Organização das Nações Unidas, mais de 450 mil pessoas deixaram suas casas e se tornaram deslocados internos, número que representa um quarto da população da Faixa de Gaza.
Personagem
Reconstrução de território palestino é urgente, diz Abbas
Efe
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, ressaltou ontem a urgência de se reconstruir Gaza, que sofreu um grau de destruição "além da imaginação". Em entrevista coletiva concedida em Ramallah, Abbas agradeceu ao Catar e ao secretário de Estado dos EUA, John Kerry, pelo papel que tiveram no desenvolvimento das negociações indiretas entre israelenses e palestinos para conseguir um cessar-fogo permanente.
Durante o discurso, Abbas revelou que a ONU enviará ajuda humanitária de forma imediata para o território palestino, duramente castigado durante a ofensiva israelense. Em uma atualização recente, o Ministério da Saúde na Faixa de Gaza informou que o número de mortos é de 2.120, a maioria é de civis e um quarto deles são crianças, enquanto o número de feridos ultrapassa os 11 mil.
Deslocados
Segundo um relatório divulgado ontem pela UNRWA, a agência da ONU encarregada dos refugiados palestinos, nos 50 dias da ofensiva israelense em Gaza, 475 mil palestinos foram obrigados a deixar suas casas e se transformaram em deslocados internos. Deles, cerca de 280 mil se abrigaram em escolas-refúgio da ONU, enquanto o restante buscou asilo em edifícios públicos como colégios e hospitais ou foram amparados por parentes.
Os refugiados internos são resultado da destruição total ou parcial de 40 mil imóveis, da demolição de 9,6 mil estruturas e dos danos que sofreram outras 7,6 mil edificações, que precisarão de grandes reformas para que sejam novamente habitáveis, denunciou ontem a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).